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sábado, 15 de agosto de 2015

E O SILÊNCIO FOI QUEBRADO!

Colaboração de J Brant Teixeira:

E O SILÊNCIO FOI QUEBRADO! CMT EB
Date: Thu, 13 Aug 2015 14:32:12 +0000






E O SILÊNCIO FOI QUEBRADO!
Aileda de Mattos Oliveira (12/8/2015)

De vez em quando, lemos opiniões que tendem a favor do silêncio dos Comandantes das Forças Armadas, mesmo quando as Instituições Militares são alvo da infâmia governamental e dos desqualificados conceitos emitidos pelos inidôneos e carreiristas ministros da defesa.
O apoio ao mutismo dos três Generais vem sempre fundamentado na premissa da obediência às normas da disciplina militar e do respeito à Constituição, esquecendo-se, vários dos que opinam, de que foram ásperos críticos dos anteriores Comandantes pelo mesmo motivo: o silêncio omisso e obsequioso.
Cabe aqui uma referência histórica. Sófocles, dramaturgo grego do século V a. C., pôs em destaque a discussão entre Creonte, rei de Tebas, e Antígone, sua sobrinha. Gira a polêmica em torno da obediência às leis do Estado, leis por ele determinadas à rígida aplicação, e dos argumentos da jovem que, desconsiderando uma ordem do rei, baseada, tão somente, no desprezo que nutria por um dos seus irmãos, defende com briosa coragem os valores morais dele e, por conseguinte, os de toda a instituição ‘cidade’ (pólis), ofendida e desrespeitada pelo arbítrio do rei (1).
Embora a antiguidade do texto, vem ao caso lembrá-lo quando se está cobrando o respeito governamental aos valores morais das entidades que se deseja preservar. As leis são temporais, mas a moral de um homem ou de uma instituição permanece para sempre na memória coletiva.
Uma surpresa foi-nos oferecida, aparentemente desviando-se das normas disciplinares defendidas. Eis que no silêncio de um ato solene, em homenagem a um respeitado camarada de armas que se foi, irrompe, vibrante, a voz do Comandante do Exército, soando como um toque de clarim num dia de total circunspecção, chegando melodiosa aos nossos ouvidos.
No estilo militar característico de criptografar mensagens, exaltou o General Villas Bôas aquele que partia, mas no que era evidente para uns, foi tecida a urdidura da ambiguidade que calou, por dúvida de interpretação, aqueles que puseram o Brasil na terceira divisão do jogo político, fraudado, e foco do ridículo internacional.
Chegam-nos um vídeo, excelente, do mesmo General, prestando continência não, apenas, a um vencedor dos jogos pan-americanos, mas ao País, em defesa das tradições militares que não podem ser impedidas por assinatura de quem nutre antipatias pessoais, como Creonte nutria, à grande Força Terrestre.
Diante das reconfortantes atitudes, o que dizem os defensores do silêncio dos Comandantes? Foram inconstitucionais e indisciplinadas a sua alocução e a homenagem ao atleta vitorioso? Por que não houve críticas á ‘pulada da cerca disciplinar’, em ambas as situações para, ao menos, seguirem a linha reta da coerência de pensamento?
Por que eu, civil, preocupo-me com as Forças Armadas? Porque desenvolvi a consciência de serem, no Brasil, as únicas Instituições realmente dignas de apreço incondicional e, portanto, tenho o direito de reivindicar a posição de cada uma delas, tendo em vista a situação crítica em que se encontra o País por obra da iniquidade e vilania políticas.
Diante da satisfação gerada pelas palavras do Comandante e da reverência ao País, fique ele ciente de que uma parte considerável da população civil espera, ansiosamente, que novos toques de clarim, novas continências, em breve, se façam ouvir e sejam prestadas.
(1) Obra “Antígone”.
(Dr.ª em Língua Portuguesa. Vice-Presidente da Academia Brasileira de Defesa)