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domingo, 18 de março de 2007

Lembrai – vos (sempre e com orgulho) de 31 de março de 1964!

TERNUMA Regional Brasília
Pelo Gen. Bda. RI Valmir Fonseca Azevedo Pereira.
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Aproxima - se o dia 31 de março, comemorado pelas Forças Armadas como a data magna em que foi desencadeada a luta contra a vertente comunista brasileira, que seguindo “pari passu” a doutrinação preconizada pelo Movimento Comunista Internacional (MCI), procurava apossar – se do governo brasileiro.
Foi um tremendo ato de coragem. Curvo – me àqueles brasileiros que ousaram tanto. Com especial deferência aos chefes militares, que poderiam sofrer duras conseqüências, caso a Revolução não obtivesse êxito. E o que dizer dos que prosseguiram na luta?

Nos anos seguintes, assistimos a uma luta sem quartel.
Na atualidade, não importa quais sejam os ventos que sopram na conjuntura, o que de fato interessa, é que a Revolução era necessária, e às Forças Armadas, na ausência de outra instituição capaz de liderar uma ação contra o caos e a desordem que se avizinhavam , caberia tomar uma atitude. E, felizmente, tomaram.
Ledo engano cometerá quem julgar que o receio da Força terrestre residia apenas nos infaustos acontecimentos da Intentona Comunista; sua atenção estava coadunada com o estudo e o acompanhamento de uma ameaça que tinha origem no campo externo, razão pela qual, cumprindo sua missão constitucional, mais do que qualquer outro setor ou expressão do poder nacional, cabia às Forças Armadas, em particular ao Exército, manter estrita vigilância nos eventos que no dia - a - dia caracterizavam uma insidiosa infiltração em alguns segmentos da sociedade brasileira.

Consciente da capacidade ideológica dos adeptos do comunismo, o Exército investiu na doutrinação democrática e no esclarecimento dos quadros e da tropa sobre as conseqüências da introdução do regime totalitário no Brasil. Naquele contexto, posicionava – se a Força Terrestre como o virtual oponente do ideário marxista, tornando – se um de seus principais alvos, por isso foi intensa a tentativa de deteriorar a estrutura militar, de forma a criar um fosso ideológico entre oficiais e graduados.
Em 1964, um elenco de expressivos acontecimentos tornou inexorável uma reação das forças democráticas. Em março, a ação subversiva tornou – se abertamente revolucionária, seus atos eram cercados de ampla euforia, conscientes que pouco faltava para a derrocada de qualquer reação. Após o comício de 13 de março, na Guanabara, os atos de insubordinação de marinheiros e fuzileiros navais, no Estado, com a complacência do Governo, agravou, sobremodo, a situação política nacional, com graves repercussões para a estrutura das Forças Armadas, cujos pilares básicos – a Hierarquia e a Disciplina – sofreram tremendo abalo.
O Governador Magalhães Pinto, reconhecendo a vigência no cenário nacional, de influências estranhas e propósitos subversivos, que comprometiam a hierarquia e a disciplina nas Forças Armadas, e colocavam em risco o regime democrático, em “Manifesto ao Povo de Minas Gerais” , em 20 de março de 1964, proclamou:
- “... Esperamos uma atitude clara e conseqüente das Forças Armadas. A Lei Maior fez delas, não defensoras de parcialidades do País, mas de toda a Pátria; não garantidoras de um, mas dos poderes constitucionais; servidoras, não de situações e eventualidades, mas da lei e da ordem.....”
Minas quer impedir o caos a que estamos sendo arrastados.
Brasileiros! “Juntos, lutemos pela paz”.

Em “Carta de 20 de março de 1964”, transcrita nos “Documentos Históricos do EME”, o General Castello Branco, Chefe do EME, dirigiu – se aos Oficiais - Generais e demais militares do Órgão e das Organizações subordinadas:
- “A insurreição é um recurso legítimo de um povo. Pode – se perguntar: se o povo brasileiro está pedindo ditadura militar ou civil e a Constituinte? Parece que ainda não.
Entrarem as Forças Armadas numa revolução para entregar o Brasil a um grupo que quer dominá– lo para mandar e desmandar e mesmo para gozar o poder? Para garantir a plenitude do grupamento pseudo – sindical, cuja cúpula vive na agitação subversiva cada vez mais onerosa aos cofres públicos? Para talvez submeter à Nação ao comunismo de Moscou? Isto, sim, é que seria antipátria, antinação e antipovo.
Não. As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas e ou síndico – comunistas”.
A Reunião no Automóvel Club, em 30 de março, com o cerco do Presidente pelos Sargentos das três Forças e das Policias Militares, sublinhava a ousadia dos marxistas e a certeza de que nada poderia deter sua marcha em direção ao poder, tal era a infiltração do movimento em diversos setores da Nação.
Urgia restabelecer a lei e a ordem interna.
Hoje, ainda vive – se sob a égide de um legado, porquanto temos o testemunho vivo de muitos que viveram os conturbados anos pré e pós - Revolução, heróicos militares que participaram nas lutas sem tréguas contra os arautos do comunismo, os quais, se autoproclamaram, bravos guerrilheiros contra a ditadura militar e, assim, fruto dos novos tempos, assistimos pesarosos as cada vez mais tímidas manifestações enaltecedoras da Revolução de 31 de Março, o que nos leva a temer pelo sepultamento de sua memória, quando aqueles testemunhos não mais existirem.
Portanto, efetivamente, a ser avaliado, independentemente das conseqüências positivas e negativas que afloraram, é o real significado de 31 de março para a personalidade da Instituição, de como a Força tem prosseguido e prosseguirá na sua longa trajetória, às voltas com diferentes versões, algumas nitidamente contra si, as quais são difundidas à larga, inclusive no seio militar, na atualidade composto por uma maioria que não vivenciou os conturbados anos da subversão e do movimento armado.
Aquele universo não conviveu com as artimanhas e peculiaridades da guerra revolucionária, quando ao inimigo tudo era permitido e as forças legais eram submetidas aos dispositivos do patrulhamento ideológico, que as cunharam com a pecha de torturadoras e criminosas, e eram travestidas como integrantes de odiosos aparelhos de opressão, quando na realidade executavam com o sacrifício da própria vida, a missão de impedir que a ordem pública e a lei fossem vilipendiadas.
Transcrevemos abaixo, para o conhecimento dos mais jovens, o testemunho do Senador Murilo Badaró, consignado em primorosa Palestra proferida por ocasião da abertura solene da Semana do Exército na Guarnição da 4 ª Região Militar /4ª Divisão de Exército, em 15 de abril de 2005:
- “Fui testemunha presente àqueles acontecimentos, quando a voragem da indisciplina nos quartéis, a corrupção nos órgãos públicos, os desmandos administrativos, o aparelhamento do Estado por partidos políticos, ameaçavam fazer soçobrar a nação”.
Nos dias atuais, a questão vital refere – se à dimensão do Exército que sobreviveu àqueles acontecimentos, e esta compreensão é de capital importância para o futuro da Instituição, como símbolo maior da própria nacionalidade. É peremptório recordar, que no rastro de infatigável campanha de desgaste, deslanchou insidiosa perquirição acerca da validade das Instituições Militares. Impossível, acreditar que tais indagações não encontram eco em algumas mentes, inclusive nos jovens propensos a seguir a carreira das armas, que dificilmente estão a salvo de semelhantes influências e dúvidas que enfraquecem as mais sólidas convicções. Portanto, nada mais natural do que reforçar a prática das virtudes militares, incentivar vocações, dedicar nas escolas militares de formação, e nos quartéis, particular reforço ao culto dos valores individuais, morais e cívicos, e... lembrar com ufanismo o 31 de março de 1964.
Assim, da mesma forma que comemoramos as batalhas vencidas brilhantemente através da historia da Pátria, nos Guararapes, nas lutas pela independência, nos campos do Paraguai, e nos montes da Itália, devemos lembrar 31 de março, como mais um marco de orgulho para o engrandecimento do Exército Brasileiro.
Gen. Bda RI Valmir Fonseca Azevedo Pereira.
“Aquele que ainda não perdeu a memória, mas não sabe onde está o túnel