quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Não sou eu quem o diz. São oficiais-generais de quatro estrelas, na reserva, que ainda na ativa já colocavam a boca no mundo. Segundo eles, simplesmente, “o Brasil só teria munições para uma hora de guerra”. O fato é que, mais cedo ou mais tarde, o Exército, a força de maior efetivo entre as demais, em torno de 200 mil militares, vai acabar tendo que trocar seus “bacamartes”, do lote de 1965, por bodoques/atiradeiras, para dispor do que lançar por sobre o inimigo. De acordo com esses militares de alta patente, ”a quantidade de munição sempre foi mínima quase inexistente, principalmente para pistolas e armas automáticas.”
O fato leva a imaginar, então, com relação aos carros de combate, em que situação nos encontramos? Há quem diga que a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) não é brasileira, tem sua matriz nas Ilhas Cayman e que venderia munição para o Brasil cinco vezes mais cara do que para a Argentina. Se isto for uma realidade, o que dizer da munição para os blindados que foram comprados na União Européia (UE)? Alerta! Desta forma, a dependência que temos de projéteis, tanto para o armamento leve como para o pesado, seria tiranicamente impeditiva para durarmos na ação em conflitos com os grandes predadores militares, que não escondem as intenções com relação às amazônias verde e azul.
Que o cidadão brasileiro tome ciência: se o nosso País não se submeter aos desígnios dos membros permanentes do CS/ONU, poderemos ficar, “tão somente”, privados da munição e de peças de reposição, correndo-se o risco de sermos considerados como o inimigo. Em verdade, nos últimos anos, o Exército só tem conseguido adquirir o mínimo de munição para a instrução. É de se perguntar então, o que se tem para comemorar no dia do soldado? Os que acreditam ainda em Papai Noel vão dizer: o seu estoicismo, o seu profissionalismo. Por que não então, também, o seu conformismo? As autoridades ainda não se deram conta: sem poder de dissuasão, somente isto não adianta de nada, absolutamente nada! Nossos soldados não precisam ser heróis, eles querem, sim, ser vencedores, como nos tempos do Duque de Caxias!
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior na reserva.
Artigo publicado em www.alertatotal.net