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segunda-feira, 21 de abril de 2008

BRASIL ACIMA DE TUDO X

Manifestação a respeito do alerta do General Augusto Heleno, Comandante Militar da Amazônia, guardião das fronteiras e mantenedor da soberania Nacional, contra inimigos externos ou internos.
SELVA !

JB ONLINE 21 04 2008
Mauro Santayana

No exercício da Presidência da República, o senhor José Alencar – que será o orador oficial, hoje, das solenidades evocativas de Tiradentes em Ouro Preto – teve a palavra de lúcida serenidade que estava faltando ao debate oficial sobre a questão indígena. Disse Alencar que o general Heleno errou, ao contestar a política do governo, mas nele vê, como é correto, um grande brasileiro. Disse mais: o Estado deve integrar, mediante a educação e a saúde, as populações indígenas ao todo nacional.
Se os nossos antepassados cometeram crimes contra as populações indígenas – e os cometeram – não foram só os nativos as vítimas do processo de ocupação. Desde a descoberta, o Brasil se dividia entre ricos e pobres, aos quais se juntariam os mestiços aqui nascidos. As relações eram desiguais, qualquer fosse a cor da pele. É inegável que os nativos foram dizimados, como sempre ocorreu nos processos de conquista, aqui e em toda a América.
Isso não faz dos demais brasileiros, de nossa geração, criminosos condenados a uma reparação pelos crimes dos quais em sua maioria são também vítimas históricas. A cada geração correspondem seus erros, seus acertos, sua sapiência e seus crimes, entre eles o do genocídio. O fato concreto, no caso da Amazônia e, particularmente, de Roraima, é que o Estado nacional não pode estar ausente das vulneráveis fronteiras do Norte.

O processo civilizatório se faz na integração dos povos, e não em sua exclusão. Ainda nesses dias assistimos, pela televisão, a uma cerimônia de casamento entre indígenas, na qual os noivos, em lugar de se purificarem, como no ritual antigo, com água levada dos riachos em vasos sagrados, eram banhados com a água de baldes de plástico. Aonde chegaram o plástico, as antenas parabólicas, as ocas construídas de tijolos e cobertas de telhas, é um contra-senso falar-se em proteção de culturas indígenas.O cientista Carlos Ernesto Schaefer, que participou de grupo de peritos sobre a Reserva Raposa Serra do Sol, publicou texto recente (Consultor jurídico, 16/4/2008) em que faz algumas ponderações contra a demarcação contínua. Vamos a elas: (a) as tribos que vivem ali já separadas, os macuxi, tanepaug, patamones, ingarikó e wapixana, têm culturas próprias, e essa heterogeneidade, de acordo com a tese em vigor, deve ser protegida; (b) com a demarcação contínua, não há mais glebas de uma tribo e de outra, mas todas as terras passam a ser de todos, e é fácil prever a luta sangrenta entre as tribos, rivais históricas, para a conquista de mais território; (c) há, em conseqüência de ocupação anterior, cidades já sedimentadas na área (Uirimatã, Água Fria e Mutum), o que trará grave problema jurídico; (d) são ainda previsíveis conflitos de natureza religiosa, uma vez que muitas comunidades se encontram sob influência dos católicos, e outras, dos protestantes. É preciso, no entanto, que a parte vociferante da oposição não coloque lenha na fogueira, como está fazendo. Os generais que se opõem à política indigenista já conhecem esse tipo de vivandeiros, que, no passado, conduziram as Forças Armadas a caminho indesejável. Essa oposição deve saber que, quanto pior, pior – mesmo porque nunca o Congresso foi tão desprezado pela opinião nacional quanto hoje. E que a área não se abra aos mineradores, tão nefastos quanto as ONGs na fronteira. A exploração do subsolo deve estar sob o controle direto do Estado nacional.Uma oposição que, quando no governo, entregou tudo aos estrangeiros – do subsolo ao sistema financeiro – e permitiu a venda de imensas glebas a aventureiros, como o reverendo Moon – não tem autoridade para falar agora em interesse nacional