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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

PAU DE GALINHEIRO

Produzido pelo Ternuma Regional Brasília

Por Paulo Carvalho Espíndola, Cel Reformado.


O povo brasileiro perdeu a capacidade de indignar-se, tanto é o descalabro e a imundície que nos cerca. Acostumamo-nos em conviver com a sujeira e com a improbidade desses políticos eleitos por nós.
Hoje mesmo, a mesa diretora do Senado - se é que posso grafar essa instituição com inicial maiúscula - proibiu que o senador Gim Argello fosse investigado e levado ao conselho de ética pelas falcatruas de que é acusado. A votação do problema quedou-se no empate de dois a dois senadores, com duas abstenções, até que o “venerável” presidente do Senado proferiu o seu voto de Minerva, decidindo a questão e livrando o acusado, sob o argumento de que, mesmo se forem verdadeiros, os crimes do senador foram perpetrados antes de sua posse. Gim Argello, suplente do senador Joaquim Roriz, assumiu o mandato pela renúncia do ex-governador do Distrito Federal, que se viu acuado por acusações mais parecidas com o famoso “batom na cueca”.
Decisão técnica e “sábia”! O decoro parlamentar de Gim Argello foi considerado impoluto, já que os supostos crimes foram anteriores à assunção de um mandato já manchado pelas evidências de corrupção do seu antecessor. Sujeiras pretéritas, tudo bem! Argello, livre pela pantomima, logo concedeu entrevistas jurando que “vai trabalhar pelo Brasil e pelo Distrito Federal”. Bolsos cheios se avizinham...
Não sei por que ainda me preocupo em ter cautela com adjetivos para essa gente, tanta é a desfaçatez com que enganam e locupletam-se dos cargos públicos. Será que os “tentáculos” da justiça brasileira vão punir-me por ter engulhos de nojo?
Causou-me mais estupor o fato de que dois senadores abstiveram-se no julgamento. É isso patifaria maior, por acobertar e associar-se à indignidade, sem expor-se.
Lembro-me de que, há cerca de quinze anos, quando estava em férias no Ceará, conversei com um candidato a uma prefeitura do interior e perguntei-lhe quais eram os seus projetos. O candidato, de maneira simplória, disse-me: “não tenho projeto; não vou enricar, mas não vou sair da prefeitura pobre como vou entrar”. Partiu, então, o “idealista” candidato a distribuir óculos de grau e dentaduras na cooptação de eleitores.
Voltando à votação da mesa do Senado, irritou-me a empáfia do senador Renan Calheiros, o “herói” do voto de Minerva. Com uma expressão de cinismo, o parlamentar apareceu nos telejornais como se fosse um grande magistrado a promover justiça. Moral de cuecas...
Aliás, essa peça do vestuário masculino ou é furada, ou inexiste nas suas vestimentas. Para eles, o Brasil é um grande galinheiro onde nos encontramos inermes. Empoleirados, eles despejam em nós os seus excrementos, sem que reajamos.
Enquanto isso, os débeis movimentos de “Chega”, “Fora Lula” e outros que tais não têm quase nenhuma repercussão.
O Jornal Nacional prefere dar ênfase a que quarenta e oito milhões de brasileiros recebem o dinheiro da bolsa família.
Nessa aritmética, não contabilizam que os cento e cinqüenta milhões restantes pagam impostos e toda essa conta, sem nenhum retorno. Pelo contrário, resignam-se na esperança de dias melhores, continuando a votar e acreditando nessa democracia irreal.
Assim, vamos continuar debaixo do pau do galinheiro, a receber a bolsa excremento.
Se eu fosse sádico, diria: bem feito! Votamos nessa gente...

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