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quinta-feira, 21 de setembro de 2006

LULA - OPERÁRIO PADRÃO - PARTE 2

Luiz Inácio Lula da Silva começou a trabalhar, aos 12 anos, como engraxate e depois como entregador de roupas em uma lavanderia, em São Paulo. Formou-se como metalúrgico, pelo SENAI, em 1963. Três anos depois, entrou para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Em 1972, passou a fazer parte da diretoria e, em 1975, tornou-se presidente desse mesmo sindicato, sendo reeleito em 1978. Um ano depois, numa paralização grevista, o sindicato de São Bernardo e Diadema sofreu intervenção do governo federal e Lula foi destituído do cargo. Em fevereiro de 1980, ele fundou o Partido dos Trabalhadores, juntamente com outros sindicalistas e ainda com alguns intelectuais, políticos e representantes de movimentos sociais. Foi nesse mesmo ano que, durante uma das maiores greves sindicais da história do país, Lula e mais sete sindicalistas foram detidos por 31 dias nas instalações do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DOPS) paulista.
O atual Presidente não ficou em cela comum e foi muito bem tratado. O diretor do DOPS à época, o hoje Senador Romeu Tuma, oferecia sua própria sala para que o sindicalista pudesse ler os jornais - proibidos de entrar na cela. A mãe de Lula estava doente, em estado terminal, naquela época. Um militar, agente do DOPS, conduziu Lula até o hospital onde dona Eurídice Ferreira de Mello estava internada. Foi assim que o filho Luis Inácio pode estar com a mãe pela última vez, antes que ela viesse a falecer. Romeu Tuma permitiu que Lula fosse ao velório e que acompanhasse o enterro. Em 1981, Lula foi condenado pela Justiça Militar a três anos e seis meses de detenção por incitação à desordem coletiva, mas a sentença acabou anulada no ano seguinte.
Esse episódio redeu ao atual Presidente do Brasil o título de preso político e naturalmente o benefício de indenizações que passaram a ser pagas aos anistiados políticos de 1979, depois da criação da Comissão de Anistia, em agosto de 2001, no governo de Itamar Franco. Um fenômeno! Já que Lula teve sua sentença de prisão anulada em 1981 e que os 31 dias em que esteve preso jamais o impediram de continuar sua carreira de alpinista político, às custas do sindicato e posteriormente do PT. Lula recebe mensalmente, desde 1997, como anistiado político, uma aposentadoria especial que hoje está em R$ 4.294,00.
Vale lembrar que nosso Presidente aposentou-se com 22 anos de serviço (?), quando ainda teria 42 anos de idade (5/10/1988) e que seus vencimentos como aposentado estão livres de Imposto de Renda, graças ao Decreto 4.897, publicado no Diário Oficial de 26 de novembro de 2003, assinado pelo próprio Lula, que livra os anistiados do ônus do Imposto de Renda. É por uma questão de lógica: se a União está pagando esses benefícios, não faz sentido que parte deles retorne aos cofres públicos em forma de imposto. A lógica só não funciona para o resto dos aposentados e dos funcionários públicos civis e militares do país.
Em 1982, Lula foi candidato ao Governo de São Paulo, pelo PT. Perdeu. Em 1984, participou da campanha das Diretas Já, que clamava por eleições presidenciais diretas. A campanha não conseguiu seu intento e as eleições de 84 ainda foram feitas pelo Colégio Eleitoral do Congresso Nacional. Em 1986, Lula foi eleito deputado federal, com recorde de votos, tendo participado da elaboração da Constituição Federal de 1988. Sua atuação como Deputado Federal foi, digamos, "discreta" e ele não se candidatou à reeleição. Entretanto, Lula viajou pelo Brasil estruturando as seções regionais do partido e ajudando a transformar o PT, de pequeno partido, em uma das principais forças do país. Sua participação neste processo é que o tornou uma figura essencial, simbólica e incontestável dentro do partido, mesmo depois de suas sucessivas derrotas eletorais. Um milagre!
Em 2002, Luis Inácio Lula da Silva chega à Presidência da República, com cerca de 53 milhões de votos, no segundo turno das eleições. Na época, seu patrimônio declarado era de R$ 422.900 ,00 – muito, para um operário do povo, presidente de partido e ex-deputado federal, diga-se de passagem. Mas, ninguém deu a menor importância para isso. Hoje, 4 anos depois, o Presidente declara ter um patrimônio de R$ 839.033 ,49 – 98% a mais do que possuía em 2002. Mas, o PCC atacou São Paulo, pela segunda vez este ano, e ninguém pôde prestar muita atenção a isso também.
O Presidente declarou possuir 3 apartamentos e 1 terreno, em São Bernardo do Campo. São 2 no Edifício Kentuchy (R$ 38.334,67, cada um), 1 no Prédio Green Hill (R$ 189.142,50) e o terreno – uma Chácara - (R$ 5.466,90), no sub-distrito de Riacho Grande. Além desses imóveis, Lula também comprou (e já pagou) um apartamento que ainda está em construção no Guarujá (R$ 47.695,38). O único carro do Presidente é simples: uma S10 Cabine Dupla, diesel 98/99 (R$ 42 mil).
Embora afirme jamais ter sido informado sobre nada do que acontecia em seu governo, segundo aponta a denúncia do Procurador Geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre uma quadrilha organizada que protagonizou o escândalo do mensalão, composta por nada menos do que 40 pessoas chagadas ao próprio presidente, Lula foi muito bem informado sobre como aplicar seu dinheiro. O Presidente tem R$ 478.059,40 investidos em aplicações financeiras:
Aplicação financeira no Banco do Brasil — R$ 86.794,73; Caderneta de Poupança na Caixa Econômica Federal — R$ 54.762,02; Caderneta de Poupança no Banco Bradesco — R$ 1.398,67; Caderneta de Poupança no Banco Bradesco — R$ 1.124,36; Six Especial Plus no Banco do Brasil — R$ 156.146,83; Fif Plus Di Banco Bradesco — R$ 111.055,40; Fundo de ações da Petrobras — R$ 1.866,39; Fundo de ações da Vale do Rio Doce — R$ 497,97; Fundo de ações do Banco do Brasil — R$ 1.108,87; e Fundo de Investimentos no Bradesco — R$ 63.304,16.
O Ministro da Fazenda não pode ter aplicação na Bolsa de Valores, o Presidente do Banco Central também não. O Presidente da República não deveria poder. Mas, a Lei parece que permite. Então, não é ético, mas também não é ilegal. O jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, do qual se desligou após o escândalo do valerioduto, disse, em entrevista ao jornal O Globo (7/07/2006), que seria mais importante que a Lei Eleitoral fosse modificada, de forma a exigir também que os parentes dos candidatos declaressem publicamente o patrimônio.