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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Postado no blog do Lício 15/2/12

 

TCEL INDIGNADO COM OS GENERAIS CAGALHÕES


Ten Cel EB FRANCISCO DE POLI DE OLIVEIRA,
INDIGNADO, MOSTRA O CONTRA-CHEQUE.

Sou TC R1, atualmente na reserva. Não esperei a promoção ao posto de Cel porque cansei de ficar contando os centavos. Trinta anos de serviços – sofridos, aliás, pois sou oriundo da Arma de Engenharia, destacado que fui para as diversas obras de construção – e hoje ganho menos que um Sgt da PMDF, ou semelhante a um recém empregado na área administrativa das montadoras do Vale do Paraíba.
Depois da promoção a Major, consegui, finalmente, estudar e me formar em Direito. Hoje sou professor universitário, coordenador de curso e advogado (OAB/RJ).
Sempre amei a minha carreira militar, na qual ingressei por puro idealismo. Mas esse idealismo foi esmorecendo pois já não encontrava mais comandantes com “C” maiúsculo dignos de orgulho de seus comandados. O último deles, com uma carreira ainda brilhante pela frente, também se desencantou, e hoje, merecidamente, é Prefeito de um município no interior do Rio Grande do Sul.
Por que me desencantei? Simples! Os meus vencimentos como Oficial Superior não eram suficientes para dar uma vida digna à minha família. Além disso, sentia que a miséria estava sendo institucionalizada e que cada vez mais – pasmem! – alguns chefes de festim se orgulhavam dessa miséria. Não raras vezes ouvia essa expressão: “Militar não precisa de dinheiro… militar tem status!”
Cansei!
Na iniciativa privada, com apenas três anos de contratado, já ganho mais do que essa vergonha de soldo que levei 30 (trinta!) anos para auferir. De FGTS já tenho o triplo daquilo que recebi como indenização (indenização?) por ocasião da passagem para a reserva.
Cansei!
Sempre, por formação e em função das lides diárias da engenharia de construção, era mais próximo dos subalternos do que dos superiores, principalmente das praças. No trecho não há divisão funcional ou hierárquica. Convivi com situações inimagináveis nas quais via esposas de praças se obrigarem a trabalhar como empregadas domésticas ou, o que é pior – duas famílias de militares dividindo a mesma moradia.
Cansei!
Cansei dessa omissão vergonhosa – criminosa até – daqueles que deveriam agir para manter ou resgatar a dignidade dos integrantes das FFAA mas que nada fazem: os comandantes militares. E omissão na Administração Pública é espécie do gênero Abuso de Poder.
Cansei!
Não vou mais me calar nem ficar lamentando pelos cantos. Sem me afastar da legalidade e da legitimidade entrarei nessa luta pelo resgate da nossa dignidade salarial e profissional de peito aberto, sem máscaras ou protegido pelo anonimato. Enviarei o meu contracheque para todos os jornais do Estado do Rio de Janeiro como forma de protesto por esse descalabro que estamos sendo vítimas. Como professor de Direito Administrativo sempre que é pertinente falo sobre os salários alvitantes das FFAA, e cito como exemplo negativo do poder-dever de agir a conduta dos comandantes militares, já que eles, titulares de cargos políticos, possuem a legalidade e a legitimidade para agir, mas NADA FAZEM! Ou se fazem, o que duvido, não dão a devida publicidade. Como advogado, por fim, peticionarei em face da União para que se posicione a respeito dos nossos salários.
Fica aqui a minha contribuição.
Segue o contracheque de um oficial superior com 30 anos de serviços (meu). E antes que alguém diga “há, mas ele possui várias consignações”, eu afirmo: a questão não é o comprometimento de 30% do salário, mas sim o valor dos 70%. No nosso caso, é como estar multiplicando por zero!
Abraços e dias melhores para todos nós.
O COMPROVANTE MENSAL DE RENDIMENTOS REVELA QUE O SALÁRIO BRUTO É DE
R$4.127,18.
COM AS GRATIFICAÇÕES DE PARAQUEDISTA E DE IME (E MENOS A CONSIGNAÇÃO DA POUPEX (empréstimo para comprar geladeira e mq lavar roupa novas) MEU SALÁRIO É UM POUCO MAIOR.
Quando entrei na AMAN, meu irmão, um ano mais velho que eu, entrava no BBrasil. Depois passou para o Banco Central, que estava sendo criado. Ele nunca fez curso algum, nunca foi transferido, nunca serviu na fronteira, nunca serviu na Amazônia, nunca se dedicou com risco da própria vida (como todo militar), seu meio-expediente sempre foi aquela vida mansa no ar-condicionado do banco. Pois bem, hoje ganho cerca de 5 mil reais: ele ganha 20 mil. E ganhou todas as diferenças dos planos econômicos, com as quais adquiriu, pela Bancoop, apartamento novo, de 4 quartos, em Brasília. Nem mesmo entrando com ação na justiça ganhei algumas dessas diferenças e, mesmo com ordem da Justiça mandando pagar, o desgoverno paga. Reclamar a quem?
Portanto, que me desculpem os companheiros que ficaram contra mim quando xinguei os generalecos de cagalhões: agora, acrescento, que vão pra PQP todos, inclusive os generalecos.