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domingo, 13 de dezembro de 2015

BRASÍLIA - A barulhenta saída de Eliseu Padilha,


BRASÍLIA - A barulhenta saída de Eliseu Padilha, no dia seguinte à abertura do

processo de impeachment, é um marco na separação litigiosa entre Michel

Temer e Dilma Rousseff. O peemedebista era o principal afilhado do vice no

governo. Ao entregar o cargo, ele avisou à praça que o padrinho também

abandonou a presidente à própria sorte.

Dilma e Temer fizeram um casamento eleitoral de conveniência, arranjado por

Lula. Passaram cinco anos sob o mesmo teto, falando pouco e dormindo em

camas separadas. Agora ele anunciou o divórcio e deixou claro que deseja ficar

com a casa, ou melhor, o palácio.

Ao deixar a Secretaria de Aviação Civil, Padilha troca a gestão dos aeroportos,

que nunca o atraiu, pela articulação de bastidores, que jamais abandonou. Sua

primeira tarefa será convencer outros ministros do PMDB a sair do governo. Os

primeiros alvos são Henrique Eduardo Alves, do Turismo, e Helder Barbalho, da

Secretaria de Portos.

Por ora, os dois dizem que ficam onde estão. Não se trata de amor. Mudarão de

lado se a hipótese de um governo Temer ficar mais provável do que a

permanência de Dilma.

O PMDB será o infiel da balança do impeachment, como definiu o

colunistaVinicius Torres Freire. O partido tem a maior bancada da Câmara, com

66 cadeiras. No momento, a ala oposicionista controla um terço do grupo, sob a

liderança do deputado Eduardo Cunha.

Ex-articulador do governo, Padilha sai do ministério com uma arma poderosa

para barganhar adesões a Temer: uma planilha detalhada com cargos e verbas

que cada deputado tem ou deseja ter. É com essa lista que ele fará promessas em

troca de votos pelo impeachment.

Dilma, a noiva abandonada, terá que abrir os cofres e aumentar o dote para

manter a tropa ao seu lado. Os deputados do PMDB sentarão para negociar com

uma garantia confortável. Como costuma acontecer, vão lucrar em qualquer

cenário.