"ESQUERDA EM CURRALADA" JCN
Lula e Chávez: camaradas na luta socialista
Cuba vive na total miséria, produzida pelo socialismo, que em todas as
suas experiências deixou apenas o mesmo resultado: um rastro de miséria
e escravidão. Mas Cuba apresentava uma vantagem aos esquerdistas: sofre
com o embargo americano, após ter expropriado empresas e apontado
mísseis para a Flórida. Era a desculpa perfeita para tanta pobreza:
culpa dos malditos ianques!
Está certo que quem usa esse “argumento”
cai em contradição, pois não percebe que está elogiando a globalização e
o comércio com os consumistas americanos, tudo aquilo que costuma
repudiar também e culpar pela pobreza em outros lugares. A esquerda
precisa se decidir: praticar comércio com os estadunidenses é bom ou
ruim?
Mas o fato é que dava para se esconder um
pouco atrás desse embargo para não precisar encarar tão de frente a
inexorável consequência do socialismo: a miséria. Só que isso não é mais
possível. Cuba deixou, afinal, de ser o grande experimento socialista
na região, sendo substituída pela Venezuela, com seu “socialismo do
século XXI”.
A esquerda pode ter memória curta, mas
estamos aqui para refrescá-la: se hoje tenta se afastar do modelo
venezuelano, a verdade é que ele foi motivo de muito elogio e empolgação
no começo. Ainda desperta alguns “vivas” dos mais alienados e radicais.
Chávez foi alçado ao patamar de guru, de grande líder humanista que
iria, finalmente, lutar pelos mais pobres e pela igualdade.
E agora? Quem culpar pela desgraça
evidente? Os Estados Unidos? Mas não tem embargo algum. Ao contrário: os
americanos compram centenas de milhões de dólares em petróleo
venezuelano, ajudando a injetar recursos no país, um país, diga-se de
passagem, com abundância de recursos naturais.
Isso derruba outra falácia esquerdista:
então basta ter riquezas naturais para prosperar, sob os cuidados do
estado? Foi o que fez a Venezuela com sua estatal PDVSA. No entanto, a
produção de petróleo só cai e a riqueza só se concentra na burocracia
corrupta, enquanto a miséria aumenta entre a população.
Foi o tema do editorial
do GLOBO de hoje, fazendo um rápido resumo dos últimos 15 anos de
chavismo e seus estragos em um país outrora rico. Diz o jornal:
A
Venezuela encerra o 15º ano do ciclo chavista. A cada dia, a situação do
país — lucrativo mercado para empreiteiras brasileiras — se torna mais
crítica política, social e economicamente. A inflação, acima dos 63%
anuais, tende a avançar para o patamar dos três dígitos, aguçando o
conflito social. O declínio de 25% no preço do petróleo aprofunda a
crise (Chávez assumiu com o barril a US$ 30, imperou com o óleo a US$
140 e hoje o país não consegue sequer comprar alimentos com a cotação a
US$ 80.) A Venezuela, que depende do petróleo para 96% da receita de
exportações, virou um pária internacional — sobretudo em direitos
humanos, com a oposição encarcerada —, e o governo imerso em corrupção.
A
população enfrenta a cada vez mais aguda falta de produtos alimentícios e
essenciais, por conta da escassez de divisas para as importações. A
disparada de quase 30% do dólar no paralelo torna os produtos importados
inacessíveis para uma vasta parcela da população. Os ricos continuam
comprando o que lhes apraz no exterior. A criminalidade e a violência
dispararam. O caos social não está longe.
[...]
No
pós-globalização, o chavismo adota o planejamento centralizado da
economia, que não deu certo em lugar algum. O Estado avançou sobre as
empresas, nacionalizando-as e, portanto, jogou a eficiência no fundo do
poço e afugentou investidores. Tudo em nome do “socialismo do século
XXI”.
Ou seja, a Venezuela seguiu a cartilha da
esquerda radical, do Fórum Social Mundial, do Foro de São Paulo, dos
“intelectuais” como Eduardo Galeano e tantos outros, que sempre cuspiram
no capitalismo, no lucro, na economia de mercado, nos investidores
globais, oferecendo como alternativa a “justiça social” produzida por um
estado centralizador.
E agora? O fracasso venezuelano será
órfão? Seus “pais” não vão assumir a responsabilidade por mais um
monstro criado no mundo? Fica difícil fingir que não há elo algum entre
as propostas socialistas e o retumbante fracasso, não é mesmo? Sem
embargo para culpar, sem imperialismo ianque para apontar o dedo, como a
esquerda vai se defender de mais essa tragédia prática de suas ideias?
Vai simplesmente ignorar os fatos incômodos para continuar pregando a
mesma cartilha equivocada novamente?
Rodrigo Constantino