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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"Sucessão na Roubobrás

domingo, 14 de setembro de 2014


A Tragicomédia, sem graça, da Sucessão na Roubobrás


Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Perdão, velho Karl Marx! Sua frase de efeito “a História se repete como farsa” não se aplica, completamente, ao Brasil. Aqui em Bruzundanga, sob regime Capimunista, além da farsa, nossa historiografia inclui a tragicomédia sem a menor graça. No desejo permanente de mudanças, praticamos as mesmas bobagens institucionais de sempre.

Prova disto é a bizarra sucessão presidencial de 2014. As opções de escolha não satisfazem os eleitores. Insatisfeitos com o governo ou a conjuntura vigente, os poucos que respondem às duvidosas pesquisas eleitorais parecem sentir prazer em passar colírio no olho. Não importa quem ganhe, a impressão que fica para aqueles com um mínimo de consciência é que estamos perdidos...

A situação é surreal. O mal faz a festa. A idiotice é generalizada. A corrupção é sistêmica. A sensação é de impotência. Bandidos violentam, matam e roubam, impunemente. O Judiciário não funciona direito – sem trocadilho. Sobram leis, conflitantes, para serem descumpridas. A possibilidade de recursos infindáveis posterga decisões judiciais que deveriam ser imediatas. O crime, cada vez mais organizado, compensa. Os criminosos conquistam a hegemonia sobre a política e a economia. ARoubobras é a empresa virtual mais bem sucedida de Bruzundanga...

A turma em aparente zona de conforto econômica paga caro para ver o circo pegar fogo.  O sujeito comum, infernizado por impostos, carestia e dívidas, segue fazendo malabarismo para sobreviver. A gigantesca economia informal – e muitas vezes ilegal – faz milagres. A minoria esclarecida reclama muito – principalmente nas redes sociais. Mas a queixa não se transforma em reação para mudar o que está errado. A maioria segue o primeiro teorema do imortal sambista Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar; vida leva eu”.

Os governos se aproveitam muito bem desse fenômeno de inconformismo acomodado, da malandragem passiva que finge ser ativa apenas na hora de negociar o voto. Quem recebeu algum benefício concedido pelos poderosos de plantão aposta na continuidade da situação. Quem levou chumbo do sistema se diz eleitor da “oposição”. Justamente aí mora o perigo: há muito tempo não dá para definir, com clareza, o que é oposição de verdade no Brasil. Assim, quaisquer espertalhões ou enganadoras podem se passar de “opositores” – quando, na verdade, no máximo, desejam algumas reformas e trocas de personagens nas cadeiras do poder para deixar tudo do mesmo jeito que sempre esteve.

O discurso ideológico esquerdista, por exemplo, é uma das farsas mais tragicômicas de Bruzundanga. O fracasso político dos governos dos presidentes militares – que foram fragorosamente derrotados na batalha ideocrática – deixou o caminho livre para as aventuras demagógicas – socialistas, sociais-democratas ou até comunistas. Os principais candidatos à Presidência da República com chances reais de vitória são autodefinidos como “de esquerda”...

Na ignorância de Bruzundanga, o esquerdista, seja quem for, é santificado. O direitista é demonizado. Este processo cultural tem até ajuda educacional do gramscismo. As crianças aprendem nas escolas que o Capitalismo Selvagem é um dragão da maldade que precisa ser derrotado pelos santos guerreiros. Assim, psicossocialmente, a política, no Brasil, se transformou em uma guerra santa. No imaginário popular, o falso bem combate o suposto mal.

O discurso messiânico esquerdista, mostrando-se mais justo socialmente, frente aos abusos do capitalismo selvagem, abre espaço para transformar uma eleição em um retrógrado conflito fundamentalista. De um lado, a massa de pobres satisfeita com as migalhas que o governo lhes dá. Muitos se identificam com os poderosos que “enricaram” (principalmente Lula da Silva) já que eles lhes deram melhores condições de vida. Estes rejeitam a oposição e, pragmaticamente, ficam fiéis com a situação. Eles são a chance que a desgastada Dilma tem para permanecer no trono do Palácio do Planalto.

Do outro lado, uma classe média, temerosa de que uma crise tire o que conquistou, se mostra dividida em várias partes. Dois terços embarcam na aventura de uma Marina Silva – cuja imagem será corroída pela máquina de propaganda petista, principalmente com a tese de que, como foi petista no passado, agora é uma “traidora”... A viúva política de Eduardo Campos vai apanhar, covardemente, nos próximos quinze dias... Será que vai aguentar o tranco, e crescer? Eis a grande dúvida...

Um terço que sobra, descontente com Dilma, apela para o Aécio Neves. Não por considerá-lo o melhor e confiar plenamente nele. Mas por achá-lo “menos pior” que Dilma e Marina. Eis o motivo pelo qual o tucano não cresce: ele é visto apenas como “paliativo” e não como “solução consistente”. O PSDB falhou, novamente, na construção da imagem de seu candidato. Aécio foi claramente sabotado pelo esquema paulista do partido – que até fechou acordo com a turma de Eduardo Campos... A coisa é tão feia para Aécio que, até na sua Minas Gerais, as classes mais pobres ameaçam apoiar a Dilma...

Nesse cenário eleitoral de hospício, novamente, temos uma sucessão presidencial que não debate como resolver o principal problema do Brasil: a descontrolada hegemonia do sistema financeiro, encarecendo a produção com seus juros e taxas bancárias estratosféricas, que ajuda a rolar a dívida pública que só cresce, em proporção idêntica à gastança e roubalheira da máquina estatal, financiadas pelos absurdos 56 impostos que encarecem a produção, geram inflação, tornam o “custo Brasil” impraticável e, no final das contas, roubam o consumidor e prejudicam o crescimento econômico.

A tragicomédia pode ser facilmente resumida. A maioria esmagadora clama por mudanças, mas, no fundo, não deseja mudar coisa alguma, por comodismo, ignorância ou filhadaputice. Assim, Bruzundanga continua vivendo seu eterno conto dos vigaristas, no pleno emprego dos fatores de subdesenvolvimento capimunista, como a velha colônia de exploração pós-moderna, artificialmente mantida na miséria, apesar do potencial de riqueza e fartura.      

O cenário de faz de conta fica ainda mais canalha graças a nosso processo midiático. Pago, gratuitamente, royalties ao leitor Paulo Figueiredo – que resumiu muito bem nosso drama, em um dos comentários recentes nesta Alerta Total: “Não existe jornalismo no Brasil. O que há um abjeto comércio de notícias. Dos mais podres. Além da prostituição, há a idiotice generalizada”.

Traduzindo: o noticiário recebido pela maioria das pessoas não consegue e nem quer entender ou explicar a realidade. Deseja apenas entreter e lucrar. Quem se informa de verdade não usa a mídia tradicional como principal fonte. Tem seus sistemas de inteligência para gerar conteúdo confiável e baseado na verdade.

Se o leitor quer saber, nossa tragicomédia institucional atingiu um nível tão absurdo que nem os mais bem informados estão conseguindo entender, com exatidão, o que acontece, de fato e verdade, nesta surreal sucessão presidencial. Uma certeza é bem clara: a continuidade do PT no podre-poder inviabiliza o Brasil na competição global.

A brincadeira fica ainda mais estranha com a falta concreta de alternativa. A inconfiabilidade da Marina, que é uma incógnita, e a falta de pegada do Aécio, como substitutos da desgastada Governanta Dilma, escancaram o perigo cenário para uma instabilidade institucional a partir de 2015. A estúpida vitória do PT, ainda um risco possível, levará o Brasil a um processo de caça às bruxas. Os petralhas partirão para a guerra santa contra os inimigos que tentam, ainda, esmagá-los, pela via política e judicial.

A consequência natural de tal conflito? Responda quem souber...

Quem puder chorar por último tende a rir melhor, se restar alguma graça na hora do juízo final...


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net