Mendes Ribeiro, da Agricultura, e Brizola Neto, do Trabalho, assinam pagamentos que somam quase R$ 2 mi
25 de agosto
de 2012 | 20h 09
Fábio Fabrini
BRASÍLIA - Ao assumir seus cargos após a chamada "faxina
ética" promovida pelo Planalto, os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro
Filho (PMDB-RS), e do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ), usaram a caneta de suas
pastas para pagar emendas parlamentares propostas por eles mesmos no Congresso,
quando ainda eram deputados.
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dizem não controlar repasses e negam favorecimento
Um terceiro ministro, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), da Integração
Nacional, reservou fatia generosa de recursos destinados por sua pasta para
agraciar, em ano de campanha, projeto apadrinhado pelo seu filho, o deputado
federal Fernando Bezerra Coelho Filho (PSB-PE), candidato à Prefeitura de
Petrolina.
Na Agricultura, Mendes Ribeiro já pagou R$ 1,2 milhão para emendas de
sua autoria em 2012 - ele figura entre os quatro maiores beneficiados com
recursos. O dinheiro foi repassado em maio para seis municípios do Rio Grande
do Sul nos quais o ministro teve boa votação em 2010: Passa Sete, Segredo,
Doutor Ricardo, Barros Cassal, Salto do Jacuí e Tunas - os últimos quatro
municípios são administrados pelo PMDB, partido do ministro. Segundo o sistema
controle orçamentário do governo, os recursos liberados bancaram projetos de
"desenvolvimento do setor agropecuário".
Antecessor de Ribeiro, Wagner Rossi (PMDB-SP) deixou o cargo em agosto
de 2011 sob suspeita de irregularidades, entre elas a de permitir que um lobista
interferisse em licitações da pasta.
No Trabalho, Brizola Neto já liberou R$ 1,8 milhão para projetos
apadrinhados pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da
Força, que disputa a Prefeitura de São Paulo. O valor é o mais alto pago este
ano. Bancou programas de habilitação de trabalhadores ao Seguro Desemprego e de
"orientação e intermediação" de mão de obra em São Paulo. O segundo
no ranking é o próprio ministro, empossado em 3 de maio. Quatro dias depois, a
pasta pagou R$ 599.900, referentes a uma emenda dele, para a Prefeitura de
Belford Roxo, sua base eleitoral - a cidade é administrada pelo aliado PT. O
valor bancou projeto para elevação da escolaridade e qualificação profissional
de trabalhadores no Programa ProJovem.
Brizola Neto sucedeu a Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, que
pediu demissão em 2011 sob suspeitas de favorecer a sigla.
Em família. Na Integração Nacional, Bezerra Coelho já pagou este ano R$
4,6 milhões de emenda do filho. O dinheiro foi enviado em parcelas para apoio a
projetos de desenvolvimento sustentável em Pernambuco, base política da
família. Bezerra Filho é o deputado mais contemplado com recursos de emendas
específicas, pagas este ano pelo ministério comandado pelo pai.
Políticos do PSB lideram os repasses da Integração. Dos R$ 18,7 milhões
repassados este ano, receberam R$ 6,7 milhões. Líder do partido na Câmara,
Givaldo Carimbão (AL) também está entre os mais contemplados. Conseguiu liberar
R$ 2 milhões para investimentos de infraestrutura em seu Estado (leia ao lado
mais informações sobre os repasses aos partidos dos ministros).
No início deste ano, o Estado mostrou que municípios de Pernambuco
vinham sendo privilegiados no rateio dos recursos do ministério para obras de
prevenção e enfrentamento de danos naturais. O escândalo quase custou o cargo
do ministro.
Os dados das emendas foram levantados
a partir dos pagamentos registrados até terça-feira para as obras e serviços
contemplados com dinheiro de emendas específicas, aquelas apresentadas por um
deputado só. As emendas genéricas, de grupos, não foram levadas em conta, pois
não é possível identificar qual foi o parlamentar contemplado.
VANNILDO MENDES - Agência Estado