De Formião, filósofo elegante, vereis como Anibal escarnecia,
quando das artes bélicas, diante dele, com larga voz tratava e lia. A disciplina
militar prestante não se aprende, Senhor, na fantasia, sonhando, imaginando ou
estudando, senão vendo, tratando e pelejando. Os Lusíadas, L.V. de Camões,
Canto X, CLIIIA Escola Militar de Resende foi estabelecida em 1º de janeiro de 1944
no município do mesmo nome. Em 1951 passou a chamar-se Academia Militar das
Agulhas Negras – AMAN. Sua finalidade é a formação de Oficiais Combatentes do
Exército Brasileiro, bem como, sob convênios específicos, de Oficiais de
Exércitos de Nações amigas. Seus alunos, chamados Cadetes, ali frequentam um
curso de quatro anos de duração onde tratam e pelejam para aprender a disciplina
militar prestante. A AMAN é, pois, um estabelecimento destinado ao estudo
das disciplinas indispensáveis ao exercício das funções de comando no campo de
batalha e fora dele. A par de inúmeras disciplinas das áreas de ciências exatas
e humanas, a formação do Oficial inclui instruções militares com material de
guerra real, nas mais diversas condições de emprego da tropa, expondo seus
integrantes a todos os riscos e perigos inerentes a atividades dessa natureza.
Todos aqueles que nela ingressam estão bem a par desses riscos e espera-se deles
que se orgulhem de corrê-los, preparando-se para a nobre missão da defesa da
Pátria.Constitui uma honra muito grande para qualquer Oficial
do Exército ser convidado para servir como instrutor na AMAN. O Exército se
esforça para escolher aqueles que, à luz dos critérios considerados adequados,
se mostrem mais aptos para o desempenho dessa missão.O instrutor da AMAN é o lapidador do caráter do
Cadete, complementando sua formação familiar e a do ensino fundamental. É um
mestre, é um orientador, é um chefe e, acima de tudo, um amigo velado,
disfarçado sob o manto da disciplina militar. A segurança pessoal, o bem estar,
o progresso e o sucesso final de seus Cadetes é o ponto de honra de qualquer
Oficial servindo na AMAN, que normalmente continua acompanhando, com carinho e
orgulho paternais, o decorrer da carreira de seus pupilos.Mas, malgrado todo o zelo e cuidados dos instrutores,
fatalidades ocorrem. No dia 9 de outubro de 1990 o Cadete Márcio Lapoente da
Silveira veio a falecer em consequência de um exercício de instrução
especializada.Resumindo os fatos, a
família do Cadete Lapoente denunciou que a morte havia sido provocada por
tortura(?) e essa denuncia acabou por chegar â comissão interamericana de
direitos humanos da oea. Essa comissão, depois de inúmeros desrespeitos ao
Brasil e de declarar inidônea a Justiça Militar Brasileira exigiu que o estado brasileiro
(com letra minúscula mesmo) se submetesse a uma série de humilhações que
culminam com a aposição de uma placa vexaminosa nas dependências da Academia
Militar das Agulhas Negras (vide ofício anexado).
É mais uma consequência da progressiva subordinação
dos governos ditos "de esquerda" aos interesses estrangeiros, por meio da
assinatura de inúmeros instrumentos de submissão explícita. Que se humilhem
então eles, os políticos asquerosos. Que curvem até o chão suas colunas dorsais
flexíveis, expondo os fundilhos imundos de suas roupas íntimas, se as estiverem
usando. Mas que deixem nossa Academia fora desses conchavos covardes.
Será necessário que eu relembre a AMAN aos irmãos de
armas? Será que é preciso que eu recorde os dias e noites que passamos, ora nas
salas de aulas, de estudos ou de provas, nos parques, nas competições
esportivas, nas paradas e nas manobras, exaustos e insones, vadeando o Alambari,
progredindo pelos campos de Membeca ou subindo Vaca Magra Alta? Será que alguém
se esqueceu de
nossos sonhos e nossos ideais? Será que é preciso trazer à
memória que cantávamos no PTM que "jamais outro brado, mais forte entoado será pelo Brasil.
Clarins da vitória, cobertos de glória por todo o céu ecoarão, a fama levando, à
Pátria lembrando que seus jovens Cadetes não vacilarão em defender o seu
brasão"? Será que o tempo vos
transformou, de jovens Cadetes em velhos abúlicos, esquecidos dos votos de
outrora? Ou será que tudo aquilo eram palavras ao vento?
Que essa cerimônia de eunucos e cortesãs
seja realizada no itamaraty, que já foi de José Maria da Silva Paranhos Jr., o
Barão do Rio Branco, mas que hoje é de Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia et
caterva (o tempora, o mores!). Ou que se passe em um anfiteatro da Delta
Engenharia, sob a presidência de Cavendish, quando se aproveite para,
simultaneamente, inaugurar retratos de Demóstenes, Perillo, Agnelo, Sérgio
Cabral e, last but not least, de sua Excia Dilma Vana Roussef, beneficiária de
doações de campanha da empresa e mãe da teta graúda chamada PAC onde tantos
corruptos mamam e engordam. Ou ocorra então em uma das salas obscuras
da revanchista secretaria de direitos humanos da presidência da
República. Melhor ainda, que se poupe o povo brasileiro da vergonha e seja no
exterior, na tal comissão interamericana de direitos humanos da oea, que não sei
onde fica, nem quero saber. Se tudo isso falhar, que se dê então em qualquer uma
das oito fossas de Malebolge do inferno de Dante, lugar adequado àqueles que
voluntariamente dela participarem, mas nunca, jamais, em tempo algum, na AMAN.
A todos aqueles formados no sagrado solo
das Agulhas Negras que aceitaram passivamente essas decisões, sugiro que
esqueçam seus juramentos. Acima de tudo, esqueçam-se de mim, que não os
reconheço mais como homens de honra. Espojem-se na lama da traição. Trafiquem com seus corpos e almas, mercadejem seus corações e mentes e
entreguem ao inimigo o nada ou quase nada que lhes resta de pundonor militar,
mas não enxovalhem nossa Academia.
Na data que as excelências amplamente
divulgarem (vide ofício) eu, o Cadete 879, Gobbo Ferreira, do Curso de Material
Bélico estarei lá e, se estiver só, serei os volteadores, o atirador e os
remuniciadores do Grupo de Combate do meu tempo, pois diz o manual que o
Material Bélico combate como Infantaria quando necessário e estou pronto. Sempre
estive. Se sozinho, assobiarei o hino da Academia e chuparei cana ao mesmo
tempo, mas estarei lá! Saiba o encarregado do cerimonial que
apresentarei armas ao Aspirante Mega e depois farei o que tiver que ser feito
para defender a honra do Exército do meu tempo e o brasão da minha Academia.
Convido entusiasmadamente e do
fundo do coração todos aqueles que entoaram o Brasão do Cadete junto comigo,e
aqueles que o fizeram antes e depois de mim, para que respondam "presente!" ao
Aspirante Mega. Nos encontraremos na casa que foi, é e sempre será nossa, para
transformar o dia da vergonha no dia do alvorecer de novos tempos para o
Exército de Caxias.Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma
flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada. Até que um dia, o mais
frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos
nada, já não podemos dizer nada. (Maiakovski)
Fonte www.verdadesufocada.com.br