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segunda-feira, 18 de junho de 2012

18/06 - Dilma Roussef e a luta armada - 1ª parte

Pela Editoria do site: www.averdadesufocada.com
Ex-integrante da Política Operária - POLOP -, do Comando de Libertação Armada - COLINA -, da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares - VAR-Palmares, organizações adeptas da luta armada contra o regime militar, Dilma nega participação em ações criminosas realizadas durante esse período.
Em entrevistas na imprensa escrita e falada, Dilma tem afirmado que lutava pela derrubada  da ditadura, pela democracia e pela liberdade e que nesse regime "Muitas 
vezes as pessoas eram perseguidas e mortas... E presas por crime de opinião e de organização, não necessariamente por ações armadas. O meu caso não é de ação armada. O meu caso foi de crime de organização e de opinião".  
No depoimento publicado pelo Correio Braziliense em 17/06/2012, prestado em 2001 ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais - à comissão de anistia e indenização ( em porto Alegre) se diz do movimento estudantil, o que já não era verdade. Há muito deixara de ser estudante e optara por uma organização armada

 Mesmo que fosse verdadeira a afirmação de que Dilma Rousseff não tenha praticado nenhuma ação armada, essa afirmação não a eximiria da responsabilidade dos crimes praticados pela organizações as quais aderiu, já que os militantes sabiam  ao ingressarem nas organizações  dos atos criminosos praticados : assaltos, assassinatos, sequestros, "justiçamentos", atentados a bombas, sabotagens e outros crimes.

A POLOP teve origem no Partido Socialista Brasileiro, e foi fundada em 1961. Seus militantes já agiam  muito antes da Contra-Revolução de 1964. Em 12 de março de 1963, apoiou e orientou a subversão dos sargentos em Brasília . Nessa rebelião, 600 militares , entre cabos, sargentos e suboficiais da Marinha e Aeronáutica, foram apoiados pelo dirigente da POLOP Juarez Guimarães de Brito, que se deslocou do Rio de Janeiro para Brasília. A cidade foi ocupada pelos rebeldes. Dominada a rebelião duas pessoas estavam mortas - o soldado Divino Dias dos Santos e o motorista civil Francisco Moraes.
 Uma a ala  da POLOP defendia  a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte e outra dava prioridade à luta armada .
Dilma e a luta armada Em abril de 1968, os militantes  da POLOP de Minas Gerais e da Guanabara, e do Movimento Nacional Revolucionário - MNR - de Brizola se reuniram e  entabularam negociações para a criação de uma nova organização político militar. Ao mesmo tempo, o pessoal da POLOP/GB  realizou uma Conferência, na qual foi aprovado o documento "Concepção da Luta Revolucionária", onde ficou praticamente aprovada a linha política da futura Organização Político Militar - OPM. O documento definiu a revolução brasileira como sendo de caráter socialista e o caminho a seguir o da luta armada, através do  foco guerrilheiro, visto como "a única forma que poderá assumir, agora, a luta armada revolucionária do povo brasileiro".
Dilma, aos 20 anos, inclinou-se para a luta armada  e juntou-se ao grupo que optou pela violência.

  Criação do Comando de Libertação Nacional - COLINA
 
Em julho de 1968, esses dissidentes da POLOP realizaram um Congresso Nacional num sítio em Contagem, Minas Gerais no qual foi criado o Comando de Libertação Nacional – COLINA -, com o seu Comando Nacional – CN - integrado por Ângelo Pezzuti da Silva e Carlos Alberto Soares de Freitas - O Beto em Minas Gerais, e Juarez Guimaraes de Brito e Maria do Carmo Brito, na Guanabara. Beto é  aquele a quem Dilma   se refere com frequência e fez uma homenagem em sua posse.

Dilma Rousseff e Comando de Libertação  Naciona  - COLINA
 

Os dissidentes  que optaram pela luta armada reuniram-se em torno da nova organização. Entre esses dissidentes estava Dilma. No meio subversivo conheceu  o jornalista mineiro Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, que também optara pela luta armada. Galeno serviu  ao Exército por  três anos e, também militou na POLOP. Atuou ativamente na sublevação dos marinheiros. Esteve preso  por cinco meses na Ilha das Cobras, durante a  Contra-Revolução.
 Dilma e Galeno um ano depois se casaram. Firmava-se a Dilma guerrilheira, correndo da polícia, fazendo passeata para apoiar os operários em greve em Contagem e enfrentando a polícia. A dupla prometia.  Ela tinha tarefas específicas no COLINA: a confecção do Jornal O Piquete, a preparação das aulas de marxismo. Tinha também aulas sobre armamentos, tiro ao alvo e explosivos. Grande parte dessas aulas era ministrada nos arredores de Belo Horizonte pelo ex-sargento  da Aeronáutica João Lucas Alves
.Leia aquiAlém de dar instruções de técnicas de guerrilha à Dilma, Galeno, em entrevista à Revista Piauí, demonstra mais que uma  relação de militância  com João Lucas Alves . Demonstra que era  seu apoio logístico, quando declara:
"O João Lucas ficava hospedado em nossa casa".
Com um núcleo na Guanabara – RJ -, de acordo com Jacob Gorender ,  autor do livro " Combate nas trevas" o COLINA já aderira à luta armada em 1968 e pregava  a prática do terrorismo.
Dentre as ações do COLINA, em 1968, podem ser destacadas:
- em 28 de agosto, assalto ao Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, agência Pedro II , em Belo Horizonte;
- em 4 de outubro, assalto ao Banco do Brasil, na cidade industrial de Contagem, em MG;
- em 18 de outubro, dois atentados a bomba em Belo Horizonte, nas residências do Delegado Regional do Trabalho e do Interventor dos Sindicatos dos Bancários e dos Metalúrgicos;
- em 25 de outubro, no Rio de Janeiro, Fausto Machado Freire e Murilo Pinto da Silva assassinaram Wenceslau Ramalho Leite, com quatro tiros de pistola Luger 9mm, quando lhe roubavam o carro; e
- em 29 de outubro, assalto ao Banco Ultramarino, agência de Copacabana, no Rio de Janeiro.
 Crimes do Colina  e fuga para o Rio de Janeiro
       No dia 14 de janeiro de 1969,  alguns militantes do COLINA praticaram, simultâneamente, dois assaltos: aos Bancos da Lavoura e Mercantil de Minas Gerais, em Sabará,  onde roubaram 70 milhões de cruzeiros. Participaram dessas ações os seguintes militantes : Ângelo Pezzuti da Silva, Murilo Pinto da Silva, Afonso Celso Lana Leite, Antonio Pereira Mattos, Erwin Rezende Duarte, João Marques Aguiar, José Raimundo de Oliveira, Júlio Antonio Bittencourt de Almeida, Nilo Sérgio Menezes Macedo, Maria José de Carvalho Nahas, Pedro Paulo Bretas e Reinaldo José de Melo.        

 Nessa mesma noite, Ângelo Pezzuti da Silva,  principal dirigente do COLINA, foi preso. Seu depoimento possibilitou a prisão de diversos membros do COLINA, dentre os quais, José Raimundo de Oliveira, do Setor de Terrorismo e Sabotagem, e Pedro Paulo Bretas e Antonio Pereira Mattos, do Setor de Expropriação. As declarações desses últimos levaram a polícia a desbaratar três "aparelhos" do COLINA, em Belo Horizonte, na madrugada de 29 de janeiro de 1969. A uma hora,  onze policiais dirigiram-se ao "aparelho" da Rua Itaí, "entregue" por Ângelo Pezzuti, onde só encontraram documentos da organização. Às duas horas e trinta minutos, foram para o "aparelho" delatado por Pedro Paulo Bretas, na Rua XXXIV,  número 31, onde encontraram explosivos armas e munições. Às quatro horas, reforçados por três guardas-civis, de uma rádiopatrulha, os policiais chegaram ao terceiro "aparelho", na rua Itacarambu, 120, também entregue por Pedro Paulo Bretas. No local sete militantes estavam reunidos planejando uma linha de ação para  resgatar Ângelo Pezuti da prisão.
       No local, ao se prepararem para invadir o "aparelho", os policiais foram recebidos por rajadas de uma metralhadora Thompson, disparadas  por Murilo  Pinto da Silva, irmão de Ângelo Pezzuti. Esses tiros atingiram mortalmente o Subinspetor da polícia Cecildes Moreira de Faria, que deixou viúva e 8 filhos menores; o Guarda-Civil José Antunes Ferreira, e feriram gravemente o investigador José Reis de Oliveira. No local foram encontrados armas munições, fardas da PM, documentos do COLINA e dinheiro dos assaltos. Na ação foram presos os seguintes militantes: Murilo Pinto da Silva, Afonso Celso Lana Leite, Maurício Vieira de Paiva (ferido com dois tiros), Nilo Sérgio Menezes Macedo, Júlio Antonio Bittencourt de Almeida, Jorge Raimundo Nahas e sua esposa Maria José de Carvalho Nahas. 
              Após o assalto ao Banco da Lavoura de Sabará, o cerco começou a apertar. Dilma e Galeno começaram a tomar mais cuidado  passando a dormir cada noite em um lugar diferente. Como Ângelo Pezzuti e outros membros do COLINA se reuniam no apartamento de Dilma e Galeno ( o que caracteriza , no mínimo apoio logístico), eles destruiram documentos e tudo que pudesse ligá-los à organização  Deixaram a vida em Belo Horizonte e entraram para a  clandestinidade  Eles passaram a usar nomes  e documentos falsos. Dilma Vana Rousseff  ora era Wanda, Estela, Maria Lúcia, ora era Luiza, ou Marina.. 
       No Rio de Janeiro, o casal fazia parte dos "deslocados" - militantes transferidos de outros locais por serem procurados.
Quem os recebeu no Rio de Janeiro foi o casal dirigente do COLINA, Juarez Brito e Maria do Carmo BritoGaleno ser transferido pela organização para atuar em Porto Alegre, em contato com uma célula dissidente do "Partidão". Outro que também não ficou no Rio e foi militar no Rio Grande do Sul  foi  Fernando Pimentel,  que viria a ser prefeito de Belo Horizonte e é atualmente  ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Governo Dilma Rousseff. 
       Wanda ou Estela , como queiram, continuou no Rio, colaborando com a direção do COLINA. Transportava armas, dinheiro e munição para os militantes. Participava de reuniões, redigia documentos e discutia ações da organização.

Próximo capítulo: 
 Dilma, a fusão da  VPR  com o COLINA e criação da  VAR-Palmares

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