Honra da Medalha |
Ernesto Caruso, 07/09/2011 Nobreza de quem concede, glória, honra e continência a quem merece e recebe. Não é um gesto gratuito, uma atitude sem caráter, uma moeda de troca; o dando que se recebe, sem o fundamento moral, religioso e legítimo. Medalha só tem uma face. A autoridade em trajes de gala tange os ombros do herói, lhe doura os galardões e as dragonas, magnetiza-se pelo pulsar dos corações que se unem e pelo olhar do cumprimento do dever que se cruza. As vestes da nobreza se transformam no manto que os protege, que lhes dão força na defesa de princípios que juraram defender. Princípios que não se mudam com o tempo, não esmaecem suas cores, nem com a troca de autoridades, às vezes falaciosas e fugazes, sem compromisso com a Nação. Medalha só tem uma face, um significado intrínseco, uma alma. Não é a mesma que se compra no balcão, embrulhada para presente e a que se porta na almofada da vitória afiançada por diploma, ao som da banda marcial e dos tiros de salva. Não há como premiar os que explodiram o Aeroporto de Guararapes em 25 de julho de 1966, o QG do II Exército em São Paulo, mataram inocentes, sentinelas, como o soldado Mario Kozel Filho, em 26 de junho de 1968, esfacelaram crânios como o do Ten Alberto Mendes da PMSP, 10 de maio de 1970, assassinaram covardemente o Major do Exército José Júlio Toja Martinez, em 04 de abril de 1971, assaltaram bancos, sequestraram embaixadores, torturaram, metralharam, concedendo-lhes as mesmas medalhas que ornam os peitos dos que os combateram e venceram, que carregaram nos ombros as responsabilidades do dever de servir à Pátria e à democracia, e manter as próprias famílias a salvo das sanhas terroristas do comunismo internacional. O passar do tempo perdoa os atos falhos, anistia os excessos, mas não iguala no pódio o mérito dos que estavam a serviço do Brasil e dos que se renderam às imposições da ideologia espúria que virou pó com a queda do Muro de Berlin, lição que muitos brasileiros só aprenderam com os cabelos brancos. Parece um desrespeito às autoridades do passado que reconheceram os valores, o sacrifício, os ferimentos e o sangue que marcou o chão, folhas e raízes das florestas, o cimento nas cidades, os campos no interior, e que condecoraram, por exemplo, os coronéis Carlos Alberto Brilhante Ustra e Lício Maciel com a Medalha do Pacificador com Palma e com a Medalha do Mérito Militar, heróis, por se distinguirem por atos pessoais de abnegação, coragem e bravura, com risco de vida. Incompreensível a concessão àqueles que perpetraram atos criminosos — já anistiados — ou aos que os apóiam, a citar o ex-guerrilheiro José Genoino, agraciado com a Medalha da Vitória; pasme-se, aquela que glorifica os combatentes da 2ª Guerra Mundial e, recentemente, o governador Tarso Genro e o ex-ministro, Olívio Dutra, agraciados com a medalha da Ordem do Mérito Naval. Gente que prega a paz e tem perversidade no coração, proclamando a Comissão da Verdade como se fosse o juízo final e eles, os juízes, com espírito divino. Diz-se que a comissão terá apenas preocupações históricas. Que fiquem com os historiadores e cujos fatos, vistos pelos vermelhos, estão em livros, filmes e repetidas novelas, pregando ranço. O livro do Cel Ustra que é um sucesso venceu barreiras para ser publicado. Não há como negar o sabor de fel que percorre as veias dos militares da reserva, que viveram e sofreram aquela época, a exercer um efeito repelente das suas presenças nas festas e comemorações várias, as quais, comparecer é tão relevante como homenagear os mortos de 27 de novembro da Intentona Comunista, que se ousa apagar. O rótulo que se pretende estampar nos rostos dos militares da reserva, dos reformados e falecidos, como ERRADOS, à semelhança do PROCURA-SE criminoso, não fortalece o traço de união do passado com o presente. Passado de história e de luta. Medalha só tem uma face. Honra também. Não tem duas caras. |