EDITORIAL
Feriadão denuncia falta de investimentos
26/04/2011
Engarrafamentos gigantescos no Rio de Janeiro e em São Paulo no movimento de retorno de veículos, ao fim do feriadão da Semana Santa, e caos em aeroportos da Região Sudeste, provocado por uma equação que juntava uma concentração - pontual mas previsível, por se tratar de um fim de semana prolongado - de passageiros com a falta de teto provocada por um temporal, voltaram a pôr em evidência a necessidade de o Estado investir, com urgência e de forma criteriosa, em obras de infraestrutura - e também abrir espaços para a livre iniciativa. São preocupantemente repetitivos os relatos de pessoas que ficaram retidas nas estradas ou enfrentaram sérios contratempos nos terminais aéreos (principalmente no Rio), como falta de informações, bagagens extraviadas ou voos perdidos, em razão do aparente despreparo das companhias e das administrações aeroportuárias diante de contingências determinadas pelo mau tempo.
O país registra indicadores demográficos e econômicos que resultam em curvas crescentes no registro de carros, ônibus e caminhões em circulação nas ruas. A frota brasileira cresceu 8,4% em 2010. Em São Paulo, o sistema viário incorpora 20 mil novos veículos a cada mês; somente os automóveis que passaram a rodar nos últimos dez anos no Rio fariam uma fila do Maracanã ao Beira-Rio. E não há uma contrapartida em infraestrutura. No Rio, onde o aumento da frota é de 40% em dez anos, a última grande obra viária foi a Linha Amarela, inaugurada em 1997.
O crescimento dos indicadores econômicos do país também se deu em desacordo com os investimentos no setor aeroportuário. Tarifas mais baixas, chamariz para uma faixa de menor poder aquisitivo da população, resultaram em aumento de mercado - consequentemente, em mais clientes nos balcões das companhias e em circulação nos aeroportos. No entanto, a administração dos terminais derrapa num tíbio programa de investimentos que não acompanha o aumento da demanda. Isso sem contar a opção ideológica de Brasília por formas anacrônicas de gerenciamento, com resistências de influentes áreas da base do governo à abertura da participação da iniciativa privada no controle dos terminais e com a manutenção do setor sob a influência clientelista do cardinalato companheiro.
Nos dois mandatos de Lula, sobraram nomeações e faltou apetite político para investir em infraestrutura e na modernização da malha aeroportuária. O país não cabe mais na atual infraestrutura. Novos hábitos de consumo e mercado em expansão convivem com uma rede de estradas, aeroportos, etc. de um tempo em que o Brasil apenas almejava chegar aonde efetivamente chegou.
Os constantes gargalos no trânsito e os repetidos apagões no sistema de transporte aéreo são inquietante e repetitiva prova disso. O caos deste fim de semana, que transformou em pesadelo a viagem de lazer de milhares de pessoas, deve ser analisado com seriedade. Tanto quanto devolver em forma de serviços eficientes aos cidadãos o que lhes toma pela malha tributária, o poder público precisa acordar para um futuro imediato que bate às portas do país - os dois grandes eventos esportivos de 2014 e 2016, de cujo sucesso os transportes são um dos pilares.
O país registra indicadores demográficos e econômicos que resultam em curvas crescentes no registro de carros, ônibus e caminhões em circulação nas ruas. A frota brasileira cresceu 8,4% em 2010. Em São Paulo, o sistema viário incorpora 20 mil novos veículos a cada mês; somente os automóveis que passaram a rodar nos últimos dez anos no Rio fariam uma fila do Maracanã ao Beira-Rio. E não há uma contrapartida em infraestrutura. No Rio, onde o aumento da frota é de 40% em dez anos, a última grande obra viária foi a Linha Amarela, inaugurada em 1997.
O crescimento dos indicadores econômicos do país também se deu em desacordo com os investimentos no setor aeroportuário. Tarifas mais baixas, chamariz para uma faixa de menor poder aquisitivo da população, resultaram em aumento de mercado - consequentemente, em mais clientes nos balcões das companhias e em circulação nos aeroportos. No entanto, a administração dos terminais derrapa num tíbio programa de investimentos que não acompanha o aumento da demanda. Isso sem contar a opção ideológica de Brasília por formas anacrônicas de gerenciamento, com resistências de influentes áreas da base do governo à abertura da participação da iniciativa privada no controle dos terminais e com a manutenção do setor sob a influência clientelista do cardinalato companheiro.
Nos dois mandatos de Lula, sobraram nomeações e faltou apetite político para investir em infraestrutura e na modernização da malha aeroportuária. O país não cabe mais na atual infraestrutura. Novos hábitos de consumo e mercado em expansão convivem com uma rede de estradas, aeroportos, etc. de um tempo em que o Brasil apenas almejava chegar aonde efetivamente chegou.
Os constantes gargalos no trânsito e os repetidos apagões no sistema de transporte aéreo são inquietante e repetitiva prova disso. O caos deste fim de semana, que transformou em pesadelo a viagem de lazer de milhares de pessoas, deve ser analisado com seriedade. Tanto quanto devolver em forma de serviços eficientes aos cidadãos o que lhes toma pela malha tributária, o poder público precisa acordar para um futuro imediato que bate às portas do país - os dois grandes eventos esportivos de 2014 e 2016, de cujo sucesso os transportes são um dos pilares.