Assessores petistas voltam ao centro de escândalos de corrupção
E Dilma promete, mas não dá explicações durante debate
Brasília (11) – Na esteira do esquema de corrupção instalado no Palácio do Planalto, dois novos escândalos foram revelados no fim de semana. As denúncias vêm à tona sem o governo sequer ter avançado na investigação sobre o esquema de tráfico de influência comandado pela ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, braço direito da candidata petista Dilma Rousseff.Ao participar de debate realizado pela TV Bandeirantes, nesse domingo, o candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra (SP), criticou a petista, que, segundo ele, adota um discurso da vitimização, com o objetivo de desviar os focos de corrupção na Casa Civil. “A candidata ainda não explicou sobre o episódio da Erenice Guerra. E, agora, houve nova denúncia”, disse.
O escândalo denunciado pela revista Veja, no fim de semana, mostra que Gu Zhou-Ji, o filho do acupunturista de Dilma, foi contratado em outubro do ano passado para trabalhar na Casa Civil. Nomeado como “assessor técnico”, Gu Zhou-Ji recebe R$ 4.000 por mês para atender servidores da pasta.
De acordo com a revista, Gu Zhou-Ji não cumpre horário de expediente e tem pacientes particulares, e sua única obrigação como assessor é atender a candidata quando ela chega das viagens de campanha. Dilma Rousseff também recebe atendimento duas vezes por semana, em sua residência ou no consultório do acupunturista Gu Hanghu, pai do assessor técnico.
A outra denúncia da revista é sobre uma companheira de cela da candidata quando elas foram presas durante o regime militar, na década de 70. A uruguaia Maria Cristina de Castro é apontada pelo Tribunal de Contas da União e técnicos do Ministério de Minas e Energia por conduta imprópria ao fechar um contrato, sem licitação, do órgão com o CPqD (fundação privada com sede em Campinas) para a coordenação de um projeto de modernização da área de informática da pasta, em 2003.
A revista afirma que as suspeitas dizem respeito a um contrato de R$ 14 milhões, dos quais R$ 5 milhões podem ter sido desviados. O caso remonta ao primeiro ano do governo, quando Dilma baixou uma portaria concedendo “plenos poderes” para que a amiga coordenasse a modernização da área de informática do Ministério de Minas.
EXPLICAÇÕES
Durante o debate, Serra cobrou explicações da candidata Dilma Rousseff sobre as denúncias relacionadas à sua ex-assessora e ex-ministra Erenice Guerra. “Há uma pessoa chefe da Casa Civil, que foi sua auxiliar, seu braço direito durante sete anos e três meses, que organizou um grande esquema de corrupção. Você não tem nada a ver? É tudo alheio a você?”, perguntou.
No final do terceiro bloco, ao ser questionada sobre os escândalos de corrupção que tomaram conta do governo, a petista prometeu que responderia no bloco seguinte. Não foi o que aconteceu. Ela não voltou a comentar sobre o esquema de tráfico de influência e distribuição de propina envolvendo Erenice Guerra.
Serra criticou a petista. “(Dilma) Não explicou o assunto da Erenice, uma mulher que era o braço direito da Dilma e que armou um esquema monumental de corrupção, e aliás, de privatização”. Segundo ele, nessa privatização, os petistas usaram órgãos públicos para conseguir dinheiro. “(O PT) Usa a empresa para corromper. É o esquema que a Erenice, braço direito da Dilma, comandou em relação aos Correios e telégrafos”, afirma.
PRIVATIZAÇÃO
O presidenciável ainda rebateu as inverdades de Dilma Rousseff sobre privatização, sobretudo em relação à Petrobras. O tucano disse ter uma “relação especial com a Petrobras”, e assegurou ter lutado pelo fortalecimento da estatal quando líder estudantil e também na época em que foi ministro do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Em relação à estatal, o discurso da petista é desmontado. Fernando Henrique não privatizou a Petrobras, mas, ao abrir o capital da companhia, em 2001, tirou-a do marasmo que a assolava. Nos cinco anos anteriores à abertura de capital, a estatal investia US$ 5 bilhões, em média, por ano. Em 2008, aplicou US$ 29 bilhões.
Em outro momento, Serra lembrou a privatização das telecomunicações, que permitiu levar celular ao País inteiro – hoje, existem mais de 180 milhões de celulares habilitados. “Se não fossem as privatizações, o Brasil seria o país do orelhão”, disse. E acrescentou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu a politica anterior e subsidiou privatizações.
Outro exemplo positivo da privatização é o caso da Vale. Entre 1943, ano de sua fundação, e 1997, quando foi privatizada, a empresa investiu, em média, US$ 481 milhões por ano, e teve lucro líquido de US$ 192 milhões. De 1998 a 2009, investiu US$ 6,1 bilhões e lucrou US$ 4,6 bilhões. As exportações saltaram de US$ 1,1 bilhão para US$ 7,7 bilhões.