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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Por prestígio, Brasil ajuda países pobres

Enquanto os Estados Unidos aumentam em mais US$ 59 bilhões o orçamento para as guerras no Iraque e no Afeganistão, o Brasil investe no chamado "soft power", disseminando doações, ações sociais, treinamento de pessoal e transferência de tecnologia para um número cada vez maior de países pobres, ou nem tanto, da América Latina, África e Ásia.

O objetivo é conquistar simpatias que convertam em influência política e votos, não apenas para obter a sonhada vaga no Conselho Permanente de Segurança das Nações Unidas, mas também para vencer disputas em organismos e instituições internacionais.

O GLOBO
Variação patrimonial de Paulinho: + 493%

Entre 2006 e 2010, a variação patrimonial dos 56 deputados da bancada sindical na Câmara que são candidatos este ano foi de R$ 12,7 milhões - mais da metade desse valor (R$ 7 milhões) foi acumulada por apenas dez parlamentares, que obtiveram bens com valores entre R$ 470 mil e R$ 1,2 milhão cada um, somente durante o último mandato, segundo as declarações de bens entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Encabeçando a lista dos parlamentares ligados ao movimento sindical que maior variação patrimonial apresentaram estão os deputados Geraldo Magela (PT-DF) e Luiz Sérgio (PT-RJ), que duplicaram suas posses, e Paulo Pereira, o Paulinho da Força (PDT-SP). Paulinho teve um crescimento de 493% em seu patrimônio nos últimos quatro anos de mandato. A discrepância, porém, não é regra no grupo de deputados, que em média aumentaram seus bens no ritmo de R$ 57 mil ao ano. Nove deles tiveram redução de patrimônio. O salário de deputado é de R$ 16,5 mil por mês.

O levantamento patrimonial foi realizado a partir da lista oficial do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), que vem divulgando desde abril uma forte preocupação também com o fortalecimento dos empresários representados no Congresso.

Dinheiro sindical sem controle

Em campanha explícita pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, as grandes centrais sindicais e sindicatos ligados a essas entidades recebem tratamento complacente do governo, em relação ao controle e à fiscalização do uso do dinheiro público. Amostragem extraída do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) aponta irregularidades e pendências em, pelo menos, R$ 162 milhões repassados à CUT, à Força Sindical e a mais quatro entidades, por convênios.

Desse montante, R$ 54,9 milhões são de repasses que sequer tiveram as prestações de contas analisadas pelos órgãos federais até o momento, embora os convênios tenham sido encerrados entre 2001 e 2009.
O restante se refere a prestações de contas que não foram apresentadas ou contêm irregularidades.

As grandes centrais sindicais e sindicatos ligados a essas entidades receberam milhões em recursos do governo para aplicar em treinamento e capacitação de trabalhadores, cursos de aperfeiçoamento e outras atividades inerentes ao movimento sindical.


Ficha Limpa cassa candidatura Pedro Henry (PP-MT)

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso negou neste sábado, por unanimidade, o registro de candidatura à reeleição do deputado federal Pedro Henry (PP), um dos réus no escândalo do mensalão. É o primeiro caso de candidatura negada pela Justiça Eleitoral do Estado com base na lei da Ficha Limpa.

Henry faria neste sábado um grande evento de lançamento de candidatura, da qual participariam o ex-governador Blairo Maggi (PR), candidato ao Senado, e o atual Silval Barbosa (PMDB), que tenta a reeleição. Até o início da tarde, a programação estava mantida. O escândalo mensalão veio à tona em 2005, quando o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciou o esquema de compra apoio de parlamentares da base de sustentação por parte do PT.

Na semana passada, Pedro Henry havia se tornado inelegível por três anos por conta de um outro processo, iniciado na eleição de 2008, quando seu irmão Ricardo Henry (PP) venceu a eleição para prefeito de Cáceres (200 quilômetros a oeste de Cuiabá). Os irmãos foram acusados de abuso de poder econômico e uso indevido de veículo de comunicação. Este processo não tinha como base a lei da Ficha Limpa.

O registro de candidatura do deputado foi questionado por meio de três ações de impugnação - protocoladas pelo Ministério Público Eleitoral, pelo candidato ao Senado Pedro Taques (PDT) e pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). Este último foi desconsiderado pelo TRE, que não viu legitimidade no pleito da ONG.

Marina se irrita com pergunta sobre célula-tronco

A candidata do PV à sucessão presidencial, Marina Silva, não conseguiu disfarçar a irritação, neste sábado, em seu último dia de visita a Recife, quando um repórter indagou sua posição sobre o uso de células-tronco embrionárias.  Na sexta-feira, a Agência de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) anunciou que vai liberar o uso dessas células para uma primeira aplicação em humanos.

- Posso fazer uma pergunta? Por que vocês (jornalistas) nunca se interessam pelo que a gente está fazendo? Tenho muito respeito por vocês, são meus parceiros, mas será que isso (a visita ao Coque, um dos bairros mais pobres da capital) não tocou ninguém? Já falei tantas vezes sobre célula-tronco. Mas será que ninguém está interessado nisso aqui? Se ninguém faz nada, as crianças vão continuar morrendo e pedindo esmola no sinal - reclamou, para em seguida dizer ser contra a pesquisa com células-tronco embrionárias: - Sou favorável a pesquisa com células-tronco adulta.

Centros sociais estão na mira do MP

A presidente da Câmara Municipal de Angra dos Reis, vereadora Vilma dos Santos, foi indiciada pela Polícia Federal, semana passada, pelos crimes de corrupção eleitoral, compra de votos e uso da máquina pública. Com o fechamento de um gabinete dela em Mambucaba pela fiscalização do TRE, em janeiro, a PF apurou, entre outras denúncias, que no local funcionava um centro social informal de Vilma, candidata a deputada estadual pelo PRB, que oferecia serviços e distribuía donativos de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus para desabrigados das chuvas de Angra em troca de votos. Ela usava inclusive servidores e carros daquele município.

O inquérito, que correu em segredo de Justiça, indiciou seis pessoas e segue para o Ministério Público Eleitoral (MPE). Alvo da Procuradoria Regional Eleitoral, do Ministério Público Estadual e da Fiscalização do TRE-RJ, os centros sociais ligados a políticos e usados para fim eleitoreiro estão na mira das equipes encarregadas do combate à corrupção eleitoral.

Diálogo com Farc condicionará libertação de reféns

O vice-presidente eleito da Colômbia, Angelino Garzón, afirmou neste sábado que o novo governo do país está aberto a negociar com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), desde que o grupo guerrilheiro aceite, entre outras condições, libertar seus reféns. As declarações foram feitas um dia depois da divulgação de um vídeo onde o líder máximo das Farc, Alfonso Cano, faz uma proposta de diálogo ao presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, que toma posse no próximo dia 7 de agosto.

Durante um evento na cidade de Cali, neste sábado, Garzón afirmou que "as portas não estão fechadas", mas que, para que as negociações sejam iniciadas, a guerrilha terá que concordar em libertar seus reféns de maneira incondicional.

"O governo de Juan Manuel Santos não fechou as portas para a paz, mas exigimos que a guerrilha coloque em liberdade os reféns incondicionalmente e que seja capaz de reconhecer que esta guerra não tem sentido", disse Garzón, de acordo com a rádio colombiana RCN.

Um aeroporto à espera de comando

O nome é nobre: Antônio Carlos Jobim. Mas a reputação do Aeroporto Internacional do Rio, o quarto mais movimentado do país, tem tropeçado em escadas rolantes quebradas, esteiras paradas, elevadores enguiçados e instalações malconservadas. A quatro anos da Copa do Mundo e a seis das Olimpíadas, a principal porta de entrada da capital fluminense coleciona alcunhas como "rodoviária de quinta" ou "aeroforno" e suscita um debate sobre o atual modelo de gestão do terminal.

Embora a Infraero, estatal que administra 67 aeroportos, anuncie investimentos de R$ 687 milhões no Galeão entre 2011 e 2014 - que ficarão para o próximo governo - a plástica pode não ser suficiente para que o Tom Jobim decole. Na opinião de Elton Fernandes, professor da Coppe/UFRJ e presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo (SBTA), o grande problema do aeroporto, inaugurado em 1977 e ampliado em 1998, é a gestão: - O Galeão é a joia da Coroa. Mas não está sendo bem gerenciado. A gestão dos aeroportos está sendo influenciada politicamente. A Infraero tem bons profissionais, mas eles ou não estão exercendo função de mando ou estão sem recursos para agir. Isso precisa ser revisto.

CORREIO BRAZILIENSE

Donos de colchões repletos de reais
Você guardaria R$ 10 mil em casa? Se acha pouco, que tal R$ 100 mil sob o colchão? Ainda considera pouco? O que acharia de dormir sobre R$ 1 milhão? Talvez você não cometa essa imprudência. Mas 112 dos 513 deputados federais que estão concorrendo a algum mandato nestas eleições declararam à Justiça Eleitoral manter sob sua guarda em espécie quantias que variam de míseros R$ 13,02 a R$ 1,3 milhão, que somam R$ 17.021.275, 36.
Campeão da prática, o deputado federal Aníbal Ferreira Gomes (PMDB-CE) informou ter R$ 1,3 milhão em dinheiro — o equivalente a 19% de seu patrimônio declarado de R$ 6,8 milhões. Em segundo lugar no ranking está o deputado federal José Chaves (PTB-PE): informa ter R$ 1.046.399,50 em espécie, a título de “adiantamento para aumento de capital na NTA Administração e Participações Ltda.”, além de outros R$ 30 mil em dinheiro, que correspondem a 14,15% do seu patrimônio declarado de R$ 7,043 milhões.
O deputado federal Alexandre Cardoso (PSB-RJ) declarou ter R$ 1 milhão em espécie, 30,75% de seu patrimônio informado, de R$ 3,251 milhões. Da mesma forma, Renato Amary (PSDB-SP) e Bonifácio Andrada (PSDB-MG) informaram manter, nessa ordem, R$ 990 mil e R$ 850 mil em dinheiro fora do banco. O montante corresponde a 77,2% dos bens de Amary, que somam R$ 1,28 milhão, e a 8,7% do patrimônio assinalado por Andrada, de R$ 9,69 milhões.
Os valores em espécie declarados pelos 112 deputados federais variam enormemente. O menor foi informado por Bispo Rodovalho (PP-DF): R$ 13,02. Vinte e oito desses parlamentares que declararam os menores volumes em dinheiro vivo mantêm até R$ 27 mil em espécie, como é o caso de Paulo Bauer (PSDB-SC). No extremo oposto, os 28 que guardam as maiores somas chegam a acumular entre R$ 175 mil, caso do deputado federal Carlos Melles (DEM-MG), e R$ 1,3 milhão, como faz Aníbal Gomes.
Ofensiva no terreno inimigo
Os candidatos a presidente da República aproveitam os últimos dias anteriores aos debates e ao horário eleitoral gratuito de rádio e TV para tentar tirar a diferença onde o adversário predomina. Na última semana, por exemplo, a candidata do PT, Dilma Rousseff, investiu no Sul do país, única região em que ela apresentou queda na pesquisa de intenção de voto divulgada na sexta-feira pelo Ibope. Enquanto isso, o tucano se dedicou a caminhadas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde a petista aparece com uma vantagem de 19 pontos percentuais sobre Serra.
No Sul, Dilma caiu de 35% para 31% segundo o Ibope, enquanto Serra subiu de 42% para 46%, o que elevou de sete para 15 pontos percentuais a diferença entre os dois candidatos. Coincidentemente, o presidente Lula concentrou a sua agenda em cidades sulistas na semana passada. O presidente foi a Santa Cruz do Sul (RS), onde visitou microusinas de biodiesel e falou da produção de alimentos. De lá, seguiu para Porto Alegre, onde participou de comício com Dilma. Ontem, Lula e Dilma apareceram juntos novamente em Curitiba onde o presidente prometeu ajudar o candidato a governador, Osmar Dias (PDT).
Nos dois discursos nos palanques sulistas, Lula criticou as “elites” e fez apelos ao voto feminino. “O Paraná poderia contribuir e ser um estado que ajudou a vencer o preconceito contra a mulher. Afinal o governo da Dilma não terá a minha cara. Terá a cara dela e mais mulheres no governo”, disse. “Somos diferentes das elites. Se alguém tem simpatia por mim, é só comparar o que somos hoje com o Brasil de 2002. Em que momento da história fomos tão respeitados?”, discursou Lula.
Enquanto isso, no Rio, Serra caminhou por mais de três horas ao lado do prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos (PSDB), e do candidato a vice presidente, deputado Índio da Costa (DEM-RJ).
“Tia” Marina em campanha no Recife
Os moradores do Coque, uma comunidade pobre do Recife, conhecida pelos altos índices de criminalidade, deram ontem à candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, a oportunidade de um reencontro com o passado. A senadora esteve no bairro para conhecer a Escola Popular do Direito Constitucional Pequeno Cidadão, uma experiência implantada a partir do assassinato de dois adolescentes do bairro. Ela foi recebida ao som da música Coração de Estudante, de Milton Nascimento, cantada por um grupo de alunos, com idades entre 3 e 13 anos. A recepção emocionou Marina. “Que povo animado. Meu Deus do céu, muito obrigada! Agora, deixa eu me recompor que político chorando parece demagogia”, disse a candidata enquanto enxugava as lágrimas.
Na conversa com as crianças, Marina se comportou como professora. “Me chamem de tia Marina. Essa é uma boa maneira de ensinar cidadania. Aqui não se ensina, aqui se vive a cidadania.” A senadora fez questão de lembrar que foi analfabeta até os 16 anos. “Vocês vão ser mais sabidos do que eu, porque estão aprendendo mais cedo e estou aqui só para ver”, disse, em resposta as repetidas vezes que ouviu crianças cantarolando “Marina, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver”.
A esquerda repaginada, pelo menos no visual
A esquerda continua a mesma, mas nos seus cabelos há muita diferença. E Dilma Rousseff (PT), Ideli Salvatti (PT), Fátima Cleide (PT) e Luciana Genro (PSol) que o digam. Foi-se o tempo em que as candidatas representantes das causas sociais, trabalhistas e de inspiração anticapitalista podiam ter o luxo de dispensar burguesas técnicas de embelezamento. Depois que o mago Celso Kamura tocou suas tesouras encantadas em Dilma e ajudou o PT a construir a imagem política da presidenciável que o partido queria apresentar, candidatos e candidatas têm realizado uma corrida aos estúdios de estética.
A transformação gradual de Ideli foi finalizada também pelas mãos de Kamura. O responsável pelo visual de Dilma recebeu a candidata ao governo de Santa Catarina pelo PT e “deu um ar mais elegante” à senadora. De gênio forte e avessa às futilidades que o universo feminino radicalmente cor-de-rosa carrega, Ideli “cooperou”, segundo Kamura. “Não pode complicar, o cabelo dela tem uma textura que não é muito fácil. Por incrível que pareça, a Dilma foi superacessível, entendeu e cooperou. A Ideli também. Elas entenderam que imagem é importante para dar credibilidade”, conta o especialista em transformações.
Holofotes sobre o TSE
Depois de um mês de recesso do Poder Judiciário, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma amanhã os trabalhos com a composição completa de ministros. As primeiras sessões plenárias são aguardadas com ansiedade pelos partidos políticos e candidatos, já que uma série de temas que nortearão as eleições de outubro estão pendentes de resposta. O primeiro desafio será o de julgar, até quinta-feira, os pedidos de candidatura dos candidatos à Presidência da República.
Durante o recesso, o tribunal funcionou em esquema de plantão, no qual as decisões eram tomadas de forma monocrática (individual) pelo presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, e pelos ministros auxiliares Henrique Neves, Joelson Dias e Nancy Andrighi. Na lista de pautas prioritárias está a retomada da análise de uma consulta sobre a possibilidade de os presidenciáveis aparecerem na propaganda eleitoral gratuita de aliados nos estados, caso haja na coligação regional outro partido que tenha lançado concorrente ao Palácio do Planalto.
A resposta dada pelo TSE em junho a uma consulta do PPS embolou o jogo de alianças dos partidos nos estados e colocou em risco o fôlego dos candidatos aos governos dos maiores colégios eleitorais do país. A repercussão negativa do entendimento firmado em plenário, porém, fez com que o ministro Lewandowski decidisse reanalisar o tema. Em 1º de julho, ele anunciou que o caso seria retomado no começo de agosto. A primeira sessão plenária pós-recesso está marcada para amanhã. As sessões do TSE ocorrem nas terças e quintas, mas Lewandowski já comunicou aos colegas que, daqui até outubro, a ideia é realizar sessões diárias.
Os ministros também terão de se debruçar neste começo de mês sobre os recursos apresentados contra o indeferimento de candidaturas pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). A expectativa é que o primeiro caso concreto sobre a Lei da Ficha Limpa seja julgado pelo TSE nos próximos dias. É esperada no tribunal uma chuva de recursos contra candidaturas indeferidas e contra o registro de quem teria a ficha suja.
Critério e rigor na balança
Responsáveis pela maior parte das multas aplicadas neste ano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos candidatos ao Palácio do Planalto, os ministros substitutos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves e Joelson Dias são apontados por advogados eleitorais como criteriosos e rigorosos. Não à toa, já distribuíram juntos 10 multas entre o presidente Lula e os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Um advogado ouvido pelo Correio destacou que ambos se pautam pela análise técnica e pelo equilíbrio. Já penalizaram e inocentaram tanto candidatos do governo quanto da oposição.
Ambos desempenham papel de fundamental importância neste momento que precede as eleições: são os responsáveis por analisar os processos de propaganda eleitoral antecipada. Apesar de não ser membro efetivo da Corte Eleitoral, Neves diz que se dedica à função tanto quanto os ministros titulares. Às vezes, até vira noites trabalhando. “Os prazos da lei são muito curtos. Temos que dar decisões quase que imediatamente, em 24 horas. Há dias em que examinamos cinco ou seis processos, e eu leio todos do começo ao fim. Por isso, de vez em quando, tenho que virar as noites”, conta Henrique Neves.
Joelson Dias é mais discreto. Não gosta de dar entrevistas e costuma ser objetivo nas atuações em plenário, sem se alongar nos debates. Mas surgiu sob os holofotes no momento pré-eleitoral por ter sido o primeiro ministro a multar Lula por propaganda eleitoral antecipada. A decisão de penalizar o presidente em R$ 5 mil, tomada em março, ganhou grande repercussão. Desde então, o presidente foi punido em outras cinco ocasiões — totalizando R$ 42,5 mil em multas.
Lula recua e oferece abrigo a iraniana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro a ceder. Dois dias depois de sugerir que não aproveitaria o canal aberto que tem com o colega iraniano, Mahmud Ahmadinejad, para pedir pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani — condenada à morte por apedrejamento, sob a acusação de adultério —, Lula afirmou que conversou com o amigo e ofereceu, inclusive, abrigo à iraniana no Brasil. O presidente disse ainda que, se for eleita, a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, telefonará para Ahmadinejad em seu nome, para também interceder por Ashtiani. Resta saber se o governo de Teerã vai considerar mais um apelo do colega brasileiro — que se junta aos de dezenas de organizações de direitos humanos, celebridades e outros governos, como o do Reino Unido e dos Estados Unidos.
Em um discurso ao lado de Dilma em Curitiba, Lula voltou a dizer que é preciso respeitar as leis e a soberania do Irã, mas destacou que “nada justifica um Estado tirar a vida de alguém”. “Se vale a minha amizade e o carinho que tenho pelo povo iraniano, e se essa mulher está causando incômodo (no Irã), nós a receberíamos no Brasil”, sugeriu. O Palácio do Planalto não confirmou se o pedido a Ahmadinejad pela vida de Ashtiani teria sido feito em um telefonema recente, mas, há duas semanas, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, entrou em contato com o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, para pedir o cancelamento da pena da mulher de 43 anos.
Um novo Brasil
A partir de hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai a campo realizar o mais completo mapeamento do país. O censo 2010 baterá à porta de 58 milhões de domicílios espalhados pelos 5.565 municípios para atualizar dados relativos a temas como renda, família, educação, trabalho, raça e religião. O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, explica que a fotografia produzida nesse levantamento vai revelar mudanças significativas ocorridas na economia, além de consolidar diagnósticos sobre os novos hábitos de consumo dos brasileiros e sobre como as cidades estão se organizando.
Diante da riqueza de detalhes, Nunes acredita que os setores produtivos terão, a partir do refinamento e do cruzamento das respostas, melhores condições de definir o que fabricar, onde vender e a quem atender. “O censo é uma fonte de informação gratuita para quem quiser estudar melhor uma realidade e, se for o caso, abrir um negócio”, resume, em entrevista ao Correio.

O ESTADO DE S. PAULO

Dos cinco candidatos mais ricos do Brasil, três disputam suplência
Entre os 30 candidatos às eleições de outubro mais ricos do País, todos com patrimônio pessoal acima dos R$ 49 milhões, sete entram na disputa tentando se eleger suplentes de senadores. Eles são empresários e reúnem fortunas que somadas chegam a R$ 2,04 bilhões.
Levantamento feito pelo Estado na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que esses homens, que na política almejam virar apenas reservas de senadores, têm bens vultosos concentrados em ações de empresas, terrenos, obras de arte e carros de luxo. Três desses candidatos a suplentes se destacam mais por ocuparem a terceira, a quarta e a quinta posições do ranking da riqueza.
 
O processo de escolha de candidatos à suplência dos senadores sempre foi nebuloso. Parentes dos titulares ou estreantes na política com muito dinheiro para ajudar a financiar campanhas são os critérios mais usados. Muitos suplentes que nunca tiveram um único voto almejam entrar para a vida pública substituindo o senador eleito - que pode se afastar para ocupar cargos no Poder Executivo ou para disputar outras eleições. Somente na legislatura que está se encerrando, 20 suplentes chegaram a exercer mandato simultaneamente no Senado - o que representa 24,7% do total de 81 cadeiras.

Marta Suplicy e Roseana Sarney integram grupo das milionárias

Apenas 64 mulheres integram a lista dos mil candidatos à eleição com o maior patrimônio declarado ao Tribunal Superior Eleitoral. A participação feminina é ainda mais reduzida no volume total de bens. A soma das riquezas desses candidatos é R$ 11,2 bilhões. Desse total, somente R$ 271 milhões pertencem às mulheres - o equivalente a 2,4%.
 
A mulher mais rica é uma deputada estadual do Maranhão. Médica de formação, Cleide Coutinho (PSB) busca a reeleição com patrimônio declarado de R$ 26,97 milhões. Está na 44ª posição da lista. Depois dela, vem outra parlamentar estadual também filiada ao PSB. Luciane Bezerra, do Mato Grosso, tem R$ 15,14 milhões e é 73º em patrimônio.
 
A lista é encabeçada pela deputada federal Iris de Araujo (PMDB-GO), candidata à reeleição, com R$ 14,17 milhões, pela empresária Magda Moffato (PTB-GO), com R$ 12,77 milhões, que tenta vaga na Câmara dos deputados, e pela ex-ministra e ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP), que busca uma cadeira no Senado, com R$ 11,99 milhões de patrimônio pessoal.

A primeira mulher candidata ao governo a aparecer na lista dos mais ricos é Roseana Sarney (PMDB-MA), que tenta a reeleição. Com patrimônio declarado de R$ 7,84 milhões, a filha do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é a 10ª colocada entre mulheres e 149ª no ranking geral.

Censo 2010 começa a visitar 58 milhões de casas

A partir deste domingo, 190 mil recenseadores começarão a traçar o perfil de um novo Brasil. O Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz novas perguntas que mapearão da quantidade de famílias formadas por pessoas do mesmo sexo ao número de domicílios com acesso à internet.

Por meio da pergunta que verifica o grau de parentesco das pessoas que moram sob o mesmo teto, a pesquisa permitirá saber, por exemplo, quantos adultos ainda moram com a mãe. Pela primeira vez também será conhecido o número de pessoas que residem em domicílios coletivos, como penitenciárias, orfanatos e asilos. Até o último censo, de 2000, essa população era agrupada sem diferenciação. A fatia de brasileiros que mora no exterior também será conhecida. Além disso, o censo permitirá saber onde essas pessoas viviam antes de deixar o País.

Ao todo, serão 58 milhões de domicílios visitados até o dia 31 de outubro. No censo de 2000, o IBGE contabilizou uma população de 169,8 milhões. Orçada em R$ 1,68 bilhão, os dados da pesquisa começarão a ser conhecidos já no final de novembro, quando os resultados serão apresentados ao Tribunal de Contas da União (TCU) para definir o reparte de verba do Fundo de Participação dos Municípios.

‘O Brasil está levando o déficit em conta corrente na flauta’
Antônio Delfim Netto, 82 anos, é um dos economistas mais ouvidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele está preocupado com o déficit em conta corrente e culpa o câmbio forte. "O Brasil está levando isso na flauta", diz. Na semana passada, o Banco Central anunciou que as transações do País com o exterior ficaram negativas em US$ 23,8 bilhões no primeiro semestre – valor próximo ao registrado em todo o ano anterior.

Para o "czar" da economia na ditadura militar, época do ‘milagre econômico’, o governo é "ineficiente, gastador, e está apropriado por uma burocracia sindical que vive nas suas tetas". Para resolver o problema, defende que as despesas de custeio da máquina pública cresçam abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) por 10 anos. A seguir, trechos da entrevista ao Estado.
Quais são os principais desafios da economia no próximo governo?O Brasil está hoje em uma situação muito melhor que no passado recente. Por que a partir de 2003 a coisa mudou? Porque o mundo entrou em expansão. O Brasil ligou seu plugue ao mundo e, de repente, um país que tinha problemas permanentes de financiamento de contas correntes se transformou em credor do FMI. A expansão brasileira não tem nada de especial. E isso medimos pela proporção da exportação em relação ao mundo, que continua perto de 1%.

O Brasil nunca fez esforço exportador e continua com uma política cambial devastadora. O País sempre teve dois problemas que abortavam o crescimento: energia e déficit em contas correntes. A oferta de energia está crescendo 4,5% a 5% ao ano, suficiente para uma nação que precisa crescer entre 5% e 6% ao ano. Já o déficit em conta corrente está se restabelecendo e nós estamos levando isso na flauta. Estamos brincando, fingindo que não tem importância. Tem, sim. A história mostra que déficit em conta corrente produz surpresas. Hoje temos US$ 250 bilhões de reservas. Mas isso é muito relativo. Uma boa parte desaparece em pouco tempo se as condições se desintegram.
Por que o senhor está preocupado com o déficit em conta corrente?
Estamos fazendo um déficit gigantesco, com enormes prejuízos para a sofisticação do nosso processo industrial. Nós temos, hoje, 10 ou 15 exemplos concretos de empresas brasileiras e estrangeiras que têm indústria no Brasil e na China. Dentro da fábrica, a produtividade brasileira é igual à produtividade chinesa e a qualidade é um pouco melhor.

Portanto, a competição com a China não tem nada a ver com setor privado. Tem a ver com o governo, que é ineficiente, gastador, não dá suporte adequado, não produz a infraestrutura. Nós temos um problema de burocracia gigantesco, mas ninguém vai resolver fazendo revolução. São medidas na margem, todos os dias. O Brasil está apropriado por uma burocracia sindical que vive nas tetas do governo. Esse déficit em conta corrente, seguramente, é em boa parte por causa do câmbio de R$ 1,78. Não vamos ter ilusão. Taxa de câmbio competitiva é fundamental para o crescimento econômico.