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domingo, 9 de agosto de 2009

Rapariga do delegado



Escada secreta, sofá cama, TV, vídeos de sacanagem, revistas pornô, guardanapos de papel e lubrificantes íntimos

MARCUS ARANHA

Cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. O cidadão brasileiro deixou tal condição e tornou-se somente contribuinte. Dos “direitos civis” do Estado, no Brasil ninguém goza quase nada. Falta educação, saúde, segurança e outros mais. Os deveres para com o Estado, estes sim, nos têm sido cobrados violentamente, a ferro e a fogo. Decidiram que tais direitos se resumem a contribuir: pagar, pagar e pagar.

O imposto de renda é representado por um leão. Bem representado, pois o leão é o maior e mais poderoso animal predador do planeta. Devora qualquer um dos bichos da floresta, sem comiseração. É o que o imposto de renda faz conosco. Considera “renda” nossos salários e aposentadorias. E de forma leonina abocanha pedaços generosos deles.

O Governo obriga ao “trabalhador” abrir uma conta bancária aonde vai depositar o salário dele; o banco nega cheques e fornece um cartão eletrônico que só serve para sacar, mas desconta dessa “conta” taxas e taxas. E lhe cobra uma taxa de manutenção de conta; taxa de renovação de cadastro; taxa do diabo-a-quatro. Só o banqueiro e Deus sabem as “taxas” que levam do nosso bolso.

O governo federal arrecada “contribuições”: COFINS, CSLL, INSS, FGTS, CIDE, PIS e o escambáu. O governo estadual toma da população ICMS, Previdência, IPVA e outros. O município nos cobra ISS, IPTU, taxa de lixo, ITBM, ITBI, etc..

Em dezembro de 2007 o Legislativo infligiu uma derrota ao Presidente Lula, derrubando a prorrogação da CPMF, que era um imposto de 0,38% sobre toda e qualquer movimentação financeira bancária.

Agora, sequioso de mais dinheiro para a campanha eleitoral o Governo decidiu recriar a CPMF como o nome Contribuição Social para Saúde (CSS). A alíquota é de 0,1% sobre movimentação financeira A previsão de arrecadação só em 2009, é de R$ 11,8 bilhões! Os cretinos dizem que é urgente, pra cobrir as despesas com a gripe suína.

A coisa já passou pela Câmara Federal e agora vai para o Senado, esse maravilhoso “senado”, cujas tripas nós temos tido a oportunidade ver expostas a luz dia.

Dia desses Carlos Heitor Cony relembrou uma manchete publicada na grande imprensa em 1954: “Somos um povo decente governado por ladrões”. O Presidente a época, Getúlio Vargas, depois dessa, meteu um bala no peito.

A manchete de 1954 cabe como uma luva aos tempos atuais, só que agora a malta cresceu desmedida e semvergonhamente. Como disse Sônia van Dijck em artigo na Net: “O noticiário cai na exaustão de um escândalo envolvendo políticos do alto clero, do baixo clero, do zero clero, ministros e mais netos, filhos, irmão "lambari", amantes, esposas, namoradas, noivas, amiguinhos, amiguinhas, companheiros, compadres, churrasqueiros, marqueteiros, secretárias, cafetinas e o afilhado da rapariga do delegado”. Muito bem dito, pois o Diretor Geral do Senado Agaciel Maia, mantinha no local de trabalho uma sala secreta com sofá cama, TV, vídeos de sacanagem, revistas pornô, caixas e caixas de guardanapos de papel e lubrificantes íntimos, provando a presença de raparigas e o puteiro que há no Senado Federal. E é esse “senado” que vai decidir se pagaremos ou não mais um imposto.

Enquanto a média de impostos no mundo é de 27%, no Brasil ela chega a 34%, sem que nos seja dada uma contrapartida decente: saúde, educação e segurança, no mínimo!

O dinheiro vindo dos impostos que pagamos financiam as bandalheiras perpetradas no “senado” e até as despesas do afilhado da rapariga do delegado.

Tudo farinha do mesmo saco...

Publicado em o CORREIO DA PARAÍBA de 9 de agosto de 2009