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sábado, 27 de dezembro de 2008

Protógenes acusa Daniel Dantas de trabalhar para norte-amer

O delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz revelou dados apurados na Operação Satiagraha e apontou o banqueiro Daniel Dantas como "apenas o braço de algo bem mais poderoso". Na edição deste mês da revista Caros Amigos, o policial conta que investigou as ligações do escândalo do Mensalão e aponta o Citigroup como o possível cabeça do esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro que abalou o Congresso.

Leia os principais trechos da entrevista:

- A origem não é o mensalão, é a operação Chacal. Estavamos investigando a Parmalat envolvida em fraude cambial na Itália e no Brasil. Lavagem de dinheiro e evasão de divisas do Brasil. A investigação era presidida pelo delegado Elpidio Nogueira. Ele montou uma estação de trabalho em São Paulo em 2003 e 2004. O Elpidio entra em parafuso, vai para tratamento. E o Dr. Paulo Lacerda (diretor da PF) decidiu então ficar em cima da Kroll, junto com a Parmalat. Porque a Kroll prestava serviço para a Parmalat. E descobre então que a Kroll era na verdade uma empresa (norte-)americana de espionagem. Uma estação privada da CIA aqui. Esse volume de dados encontrados vai para a diretoria de inteligencia da Policia Federal e descobrimos que a Kroll seria tambem um braço de espionagem que atendia tambem ao grupo Oportunity e à Brasil Telecom. E nasce uma operação para investigar a Kroll, que foi a operação Chacal.

- E daí, sai o HD?

- O Oportunity usa a empresa Kroll para investigar seus inimigos, no governo e no meio empresarial. Isso ai é coisa grossa.. Tem muita gente grauda no meio. O banqueiro Daniel Dantas, pode mandar muito, mas ele é apenas o braço de algo bem mais poderoso. Quem sabe o Citigroup?

- E sobre a prisão de traficantes de dólares do Paraguai para as contas CC-5?

- Quando trabalhei em Foz de Iguaçu começamos a investigar um garoto chamado Victor Hugo Nunes, bonito, classe média. Transportava dinheiro do Paraguai e depositava nas contas CC5 do BANESTADO em Foz de Iguaçu. Sobrinho de uma senadora do Paraguai. Um dia, transportando US$ 3 milhões e uns quebradinhos, de motocicleta, atravessou para o Brasil, na avenida Kennedy e a gente "bimba". Arrancamos a mochila, cheio de cheques. Engraçado que ele tinha um disquete já com a compensação prévia do banco aonde iria depositar. A coisa era tão sofisticada, que além dos US$ 3 milhões, ele trazia alguns cheques já compensados. Colocava no computador do banco e transferia. E em segundos aquele dinheiro já era depositado em outro lugar

- O que aconteceu?

- Quando pegamos alguém importante, logo veio a chiadeira da imprensa, embaixador, parlamento, Presidente do Paraguai. Na semana seguinte, devido à repercussão, fecharam as contas CC5 no Brasil. Mas o garoto continuava preso. Eu disse então ao Juiz:

" - Doutor Emerson, ele tem direito a fiança", e pedi para arbitrar o mais alto possível, para ver quem o soltaria. Pedi um milhão.

O Emerson falou:

"- Você está louco, eu sou juiz novinho, tenho carreira pela frente".

Falei:

"- Eu também sou novo, mas se a gente não fizer, não vamos acabar com a lavagem desse dinheiro... estão sagrando o país, aperta a caneta aí!".

Ele colocou R$ 500 mil de fiança. A estratégia era, com isso, saber quem iria soltá-lo. Sabia que era alguma autoridade. Alguns dias depois o garoto foi solto. De quem era o cheque administrativo, assinado e tudo? Do próprio presidente do BANESTADO, Reinold Stephanes, o atual ministro da Agricultura.

- E o que aconteceu contigo?

- Depois que comprovei o esquema, para se livrarem fecharam o esquema das contas CC5. Permaneci mais um tempo em Foz, e uns banqueiros do câmbio tentaram me comprar. Me ofereceram US$ 5 milhões. Não aceitei. Aí fizeram um plano para me executar. Minha esposa grávida, teve que ir embora. E eu passei a andar com quatro colegas de segurança. Depois saí de lá.


23 12 2008