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sábado, 9 de agosto de 2008

AS FALSAS EVIDÊNCIAS E AS REAIS MOTIVAÇÕES

  • A Analise de Vania Leal Cintra, não poderia estar ausente no RESERVATIVA, visto que reflete a opinião da maioria dos militares da reserva das FFAA.
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Senhores,

desculpe-me a intromissão, mas estou achando que está havendo uma certa confusão entre falsas evidências e reais motivações.

A primeira falsa evidência é a de que haja um conflito entre as intenções de Jobim e as de Tarso Genro. Lula não permitiria e não permitirá em seu Ministério um confronto semelhante.

A segunda falsa evidência é a de que as palavras de Jobim permitem supor que não haverá julgamentos dos militares ao afirmar que a Lei da Anistia não será alterada. O que ele diz é apenas que o Executivo não proporá e não apoiará uma alteração da Lei. E não proporá e não apoiará justo porque não convém ao Governo arriscar a pele dos envolvidos em seqüestros, atentados, assassinatos etc. etc. e tal. Mas, ao jogar no colo do Judiciário a questão, Jobim apenas colabora com o que Tarso propõe. Já existem julgamentos em curso. Um Judiciário nacional atrelado aos “princípios do Direito Internacional” não pestanejará em pronunciar como incursos em crimes inafiançáveis e imprescritíveis, os que leis de Anistia não cobrem em parte alguma do mundo, todos aqueles que a Procuradoria escolher e contra os quais apontar seu dedo.

A terceira falsa evidência é a de que o Gen. Enzo não se tenha manifestado. Observem que o respaldo de Jobim são as FFAA, nenhum outro. Portanto, não foi Jobim quem falou tentando acalmar os aflitos com a idéia de que o julgamento dos eventuais acusados de praticarem tortura afeta a totalidade das Forças -- foram os Comandantes. Jobim apenas foi o porta-voz. Tenta-se, com isso, apenas separar os milicos “corretos” dos milicos “criminosos”. E, na verdade, o Gen. Enzo não tem que falar ou prestar declarações, uma vez que é subordinado ao Ministro. Esperemos que aja e que comande, que honre o compromisso dado ao “Exército de sempre”, não que gaste a garganta em gargarejos para a imprensa.

A quarta evidência falsa é a de que o debate no Clube Militar é de suficiente repercussão para significar uma reação e atinja amplos setores da sociedade. Ele será apenas a reafirmação das mesmas idéias dos mesmos para os mesmos, um reforço de um desejo de esquecimento, de que se ponha uma pedra em cima os “erros” de todos contra todos, confundindo a atitude de uns com as de outros.

A quinta falsa evidência é a da ameaça de um efeito contrário ao desejado por Tarso em decorrência de alguma denúncia contra os meliantes do passado e do presente. Essa é uma expectativa que não tem qualquer sentido. É necessária uma pronúncia para que alguém seja julgado. E não haverá denúncia que leve a essa pronúncia, pois não há Promotor Público que denuncie os que estão no Governo e... já foram anistiados.

A situação não parece, pois, melhor ou mais aliviada depois da convocação para um debate (restrito) no Clube Militar ou das declarações espertas de Jobim. Continua tudo no mesmo pé. Em falso. A situação é grave. Gravíssima. Não há novidades, nem há como ou por que respirar ou se animar com coisa alguma.

Talvez haja mais a comentar.

Mas, por enquanto, é isso, salvo melhor juízo.

Vania