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terça-feira, 13 de maio de 2008
Brasil, Ameaças à Sua Soberania II
Por Jorge Serrão
O chefão-em-comando das Forças Armadas, Lula da Silva, não perdoa quem o desafia, e aproveita para destilar seu revanchismo contra o General de Quatro Estrelas que criticou a política indigenista como porta-voz informal do Alto Comando do Exército. O General Augusto Heleno Ribeiro Pereira será afastado do Comando Militar da Amazônia. O militar foi "promovido" a uma função burocrática no Ministério da Defesa, em Brasília. Vai para a "geladeira" do Forte Apache – apelido do Quartel General do Exército. Os Clubes Militares vão reagir com notas de ataque ao governo.
A canetada vingativa do ministro da Defesa, Nelson Jobim, obedecendo à sede de vingança de Lula, foi tomada ontem de noite. Atinge em cheio o General brasileiro com maior experiência hoje em combate. Heleno comandou as tropas da ONU no Haiti, realizando operações bem sucedidas para combater o governo do crime organizado naquele pequeno país. Heleno passou 15 meses no Haiti combatendo gangues na linha frente. Ainda não se sabe quem vai assumir o Comando Militar da Amazônia, que compreende a região Norte e o Estado do Maranhão, em parte, exceto o Estado do Tocantins, e também envolve a 8ª Região Militar, com sede em Belém do Pará e a a 12ª Região Militar, sediada em Manaus.
O próximo a ser afastado, na seqüência de Heleno, será o General Eliezer Monteiro, comandante do 7º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS). Monteiro é a principal autoridade militar de Roraima e recebeu os arrozeiros no quartel, em um ato de protesto contra a prisão do Prefeito Paulo Quartiero, que continua preso pela Polícia Federal, em Brasilia.
Outra mudança no Alto Comando do Exército será a saída, no meio do ano, do Chefe do Estado Maior O General Luiz Edmundo Maia de Carvalho é odiado pelo ministro Nelson Jobim, desde que o oficial o desafiou ao manifestar a posição contrária do Alto Comando contra o lançamento do livro "Direito à Memória e à Verdade". Os militares reprovaram o documento oficial do governo federal que pela primeira vez acusa integrantes da ditadura de tortura e mortes. Na época, Jobim afirmou que a tropa recebia o lançamento do livro como algo "absolutamente natural". E que reações diferentes dessa "teriam resposta". Na época, Jobim não pôde detonar o General Carvalho, que deixará o cargo porque em junho expira seu tempo no Generalato.
Outro alvo da ira do presidente Lula e do ministro Jobim é o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, General Mário Madureira. O militar entrou para a lista negra do Planalto porque afirmou que a palestra do Comandante Militar da Amazônia, General Augusto Heleno, com críticas à política indigenista do governo, não foi uma infração à hierarquia porque foi de conhecimento prévio do comandante da corporação, general Enzo Peri. Lula não gostou de ler na imprensa que o General Madureira tenha dito que o General Peri sabia que Heleno daria "uma aula" no Clube Militar, no seminário "Brasil, Ameaças à Sua Soberania".
O caldo entornou esta semana. Aproveitando o lançamento do Plano Amazônia Sustentável, que trata das supostas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na região, quinta-feira passada, Lula fez elogios ao "patriotismo dos índios" contrariou a versão do Comandante Militar da Amazônia (e de toda cúpula do Exército Brasileiro) de que a política indigenista é "caótica". O chefão em comando disparou: "Quem é que um dia ousou dizer que nossos índios faziam o país correr o risco de perder sua soberania porque estão em lugares muitos deles fronteiriços com o Brasil? É só ir a São Gabriel da Cachoeira (AM) que a gente vai perceber que grande parte dos militares são índios que estão vestindo a roupa verde e amarela das nossas Forças Armadas".
Resta saber qual será a repercussão da decisão administrativa de Lula em punir o General Heleno.
Terceira Edição de Sábado do Alerta Total
http://alertatotal.blogspot.com