FOLHA DE SÃO PAULO
Clóvis Rossi
Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "A turbulência americana não vai causar problemas ao Brasil". Da consultoria Economática, conforme reprodução do site G1, das Organizações Globo: "As ações das grandes empresas brasileiras perderam 21% do seu valor, ou R$ 209 bilhões, nas últimas quatro semanas devido à crise no mercado financeiro internacional. Desde o dia 19 de julho, o valor das 316 maiores empresas da Bovespa caiu de R$ 1,003 trilhão para R$ 794 bilhões" (não inclui a queda de 2,5% de ontem). Se o presidente acha que perdas de R$ 209 bilhões (e subindo) não são "problema", o que será que ele considera um problema? Tem mais, sempre segundo a Economática/G1: "O Brasil foi o país que mais perdeu recursos entre os sete principais mercados da América Latina (México, Venezuela, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Brasil). Apesar de representar metade desse mercado, as empresas brasileiras respondem por dois terços (66%) das perdas acumuladas nesse período". Como se vê, a "blindagem" da economia brasileira está sendo inferior à de economias muitíssimo menores e mais frágeis. Menos mal que o presidente não é quem decide o que fazer na economia. Fia-se nos assessores, que, por sua vez, mostram regularmente que apenas seguem os tais mercados. Tanto que foram os mercados -e só eles- que fizeram o dólar primeiro cair bastante, a ponto de atrapalhar as exportações de alguns setores, e agora fazem o dólar subir. O governo só espia. Da inapetência do presidente para enfrentar problemas, dá prova (a milionésima, aliás) a frase sobre a crise aérea: "Acho que está resolvida em parte. Ele [o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim] está há poucos dias no ministério, não dá para fazer tudo". Já Lula está há quatro anos, sete meses e 15 dias no cargo. Não viu o "problema"? crossi@uol.com.br