Capachos de Morales & Cia.
Por Márcio C. Coimbra*
marciocoimbra@terra.com.br
O presidente Lula parece cada vez mais perdido. Se já soava despreparado para enfrentar as sucessivas crises, denúncias e comprovações de corrupção em seu próprio governo, temos a certeza que esta realidade se transpôs para a esfera internacional. Mostrou-se, mais uma vez, líder inepto e despreparado, cercado de amadores. No comando de uma política externa delirante e errática, que desde o princípio tem se mostrado primária, colheu mais uma vez um resultado desastroso. Foi fraco e condescendente com um país estrangeiro que ocupou militarmente instalações da Petrobrás, depois de decretar a nacionalização de todas as operações de hidrocarbonetos (petróleo e gás) e quebrar contratos internacionais firmados com o governo brasileiro.
Do outro lado está o “companheiro” Evo Morales, líder cocaleiro e agora presidente da Bolívia, amparado, instigado, movido e assessorado pelo camarada Hugo Chávez, presidente da Venezuela. É bom lembrar que Morales assinou o decreto de nacionalização logo após um animado encontro com Fidel Castro e Hugo Chávez. Técnicos da PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo, já se encontravam pela Bolívia antes do fatídico anúncio. Tudo indica um jogo de cartas marcadas onde Morales, um sujeito fraco e sem ousadia, se transformou em fantoche de Hugo Chávez na defesa de seus interesses. Assim, aos poucos a Bolívia deixará a Petrobrás e receberá de braços abertos a PDVSA.
Hugo Chávez possui uma política clara de consolidação de liderança da Venezuela na América Latina, sobrepondo-se aos demais países. Atacou soberanias nacionais apoiando candidatos populistas em países estrangeiros, financiou suas campanhas com dinheiro do petróleo e alcançou êxitos. Alguns caíram em desgraça e perderam seu apoio quando deixaram de seguir sua cartilha, enquanto outros seguem no poder. Morales é o mais novo integrante do clube e desde o princípio mostra sua lealdade ao “comandante” de Caracas, mesmo que seja contra um outro país da América Latina, como o Brasil. Neste caso em específico, tudo se torna ainda mais fácil, já que o populismo de Morales beneficia os interesses econômicos da Venezuela. Chávez, que pode ser louco, mas não é bobo, nunca rompeu um contrato com os norte-americanos, seu melhor mercado. Instigou Morales a fazê-lo com o Brasil. O venezuelano busca integração energética capitaneada pela PDVSA.
O mais lamentável é o presidente brasileiro não ter pensado em seu próprio País, inclusive desautorizando o próprio Presidente da Petrobrás, que defendia o cumprimento dos contratos. Investimentos brasileiros realizados na Bolívia, não somente pela estatal, mas por intermédio de empresas privadas, foram perdidos. A soberania brasileira foi arranhada, enquanto nosso Presidente cedia covardemente aos interesses políticos-oportunistas de Morales, chancelando uma quebra de contrato que custará muito caro aos brasileiros. Iremos pagar a Bolívia por nos causar danos e ainda oferecemos ajuda aos nossos algozes, em uma reunião de cúpula sob os auspícios de Hugo Chávez. O Brasil foi humilhado, e Lula foi condescendente, fraco e inepto. Sua atitude zomba com a moral nacional. Enquanto isso, “para amenizar os efeitos da crise”, diz que a Petrobrás arcará com todos os prejuízos. Mais uma vez, quem pagará pelos prejuízos seremos nós, caros leitores, os contribuintes.
Esta parte das Américas, à exceção do Chile, parece fadada ao fracasso. Governos populistas que achincalham o Estado de Direito, dilaceram os cofres públicos e mantém populações na miséria no intuito de se perpetuarem no poder deveriam ser banidos. A população, que paga pesados impostos e sustenta uma camada política corrupta que usa o Estado em sua própria benesse, está cada vez mais descrente. Grande parte dos melhores cientistas, intelectuais, executivos, empresários, ao invés de brigar pelo Brasil e suas pátrias, decidem lutar pela sua própria vida, em outras nações do planeta, simplesmente porque o seu país deixou de brigar por eles. Enquanto a população não acordar e enxergar o óbvio, este estado de coisas se perpetuará, mensaleiros continuarão no poder, CPI’s terminarão em pizza, Presidentes alegarão que nada sabem, corruptos gerenciarão o Estado e ineptos serão eleitos e reeleitos. Seremos capachos de Morales, Chávez e cia. Isto tem que mudar.
Artigo redigido em 06.05.2006
Em Brasília, DF.
* Márcio Chalegre Coimbra. Analista político e advogado. Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS.
Conselheiro do Instituto Liberdade. Membro do Conselho Consultivo do Instituto Federalista. Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE - Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) e articulista semanal do site www.diegocasagrande.com.br .
Possui artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv e www.hacer.org) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro “A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano”, Ed. Síntese - IOB Thomson (www.sintese.com).
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